O Programa Territórios Livres do Baixo Parnaíba (Comunidades do Baixo Parnaíba e Fórum Carajás)
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021
Modernidade modernização e cultura na republica velha
É mais correto escrever que o Brasil viveu períodos de modernização social e econômica e que as elites postulam um projeto de modernidade alicerçado nesses períodos de modernização. Contudo, não seria estranho afirmar que o Brasil vive um eterno período de modernização econômico e social visto que o Estado brasileiro jamais cessa de implementar politicas de incentivo a (des)economia e a (des)integração social. Em alguns momentos, o desejo de retomada do crescimento econômico que perpassa a modernização implica em tentativas de controle social e ideológico de aspectos da modernidade por parte do Estado ou de setores ligados ao Estado. Um desses aspectos é a produção cultural. A produção cultural pode ser controlada (poder não quer dizer que seja); a cultura é incontrolável. Uma das referencias de modernidade ou pre modernidade brasileira é o maxixe, gênero musical que mistura estudos clássicos e ritmos africanos. A cantora Lysia Condé antes de cantar o maxixe Corta-Jaca (composta por Chiquinha Gonzaga e Machado Careca em 1895), num show de lançamento do seu cd, relembra o escândalo que essa musica causou em 1914. A então primeira dama Nair de Tefé oferece um jantar de despedida para seu marido o presidente Hermes da Fonseca que deixaria o cargo dias depois. Como forma de abrilhantar a despedida, a primeira dama canta o maxixe Corta Jaca com catulo da paixão Cearense. Rui Barbosa, senador da republica e inimigo politico de Hermes da Fonseca, discursa contra o maxixe afirmando que “ele era a dança mais rasteira mais chula e mais grosseira das danças selvagens e era irmã gêmea do cateretê, do batuque e do samba.” Esse acontecimento ficou conhecido como a noite do Corta Jaca. Afora a grosseria, um pedaço da fala de Rui Barbosa salta aos olhos. Ele coloca o maxixe num mesmo patamar de outras manifestações, entre elas o samba. O samba ainda não era a maior expressão cultural do Brasil o que só acontecerá nos anos 30 quando o governo Getulio Vargas valorizará o samba como símbolo nacional. Essa critica de Rui Barbosa aponta para uma dificuldade de entendimento do que era modernidade ainda mais num cenário de estabilidade (inercia, preguiça das elites ) econômico e social e essa critica se fará presente em vários momentos da republica até o golpe de estado de Getulio Vargas em 1930.
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