Antes
ninguém se tomava pelo outro. Poucos sabiam redigir os nomes de lugares tão
calmos e tão puros. Os caminhos, quase sempre, carregavam a solidez da solidão.
Que horas o povo virá buscar o de comer? Não se envergonhem; abram as panelas,
peguem os pratos e colheres e comam sem pena. Todos nesta casa comeram o suficiente
para aguentar o dia. A senhorita cozinhou esse de comer tão simples e tão bom
que não se quer mais nada. Ela acordara bem cedo para arrumar a casa. Assistiria
a partida do pai para a sede do município e assistiria a partida da mãe para a
casa do tio. A manhã exigia urgência nos propósitos das pessoas e exigia
incerteza no horário da volta. O pai se
mantinha firme a frente da associação de moradores do povoado. A frente do povoado (vegetação nativa) se
mantem como uma barreira natural que protege os moradores do povoado dos
impactos causados pelos plantios de soja (agrotóxicos e poeira). A associação
do povoado disputa a frente do seu território com grileiros e sojicultores,
cerca de 100 hectares os quais foram requeridos para regularização ao órgão fundiário
do Estado em nome da associação. Os 100 hectares requeridos pela associação nem
se comparam em tamanho às fazendas de soja que ocupam diversos quilômetros quadrados
da área do município de Brejo. Os caminhos mantidos pelos sojicultores destoam
completamente do caminho mantido pela prefeitura de Brejo e que passa por
diversas comunidades da zona rural do município. Os dos sojicultores são
corrigidos enquanto o da prefeitura é só pedra. Para se chegar as comunidades
de Pacoti e São Raimundo, é preciso percorrer os caminhos abertos pelos sojicultores
e perguntar aos motoqueiros apressados a que altura do caminho se deveria
trocar de estrada. Quando visse um cemitério
seria o momento de virar a direita. Então, só a visão de um cemitério faria o
caminho se endireitar saindo dos plantios de soja para se chegar as comunidades
tradicionais e quilombolas de Brejo.
Mayron Régis
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