Comunidade São Raimundo |
As mudanças
sociais e ambientais na Região do Baixo Parnaíba Maranhense são do saber de
todos que começou a partir do impacto causado pelo agronegócio do eucalipto e
da soja. Nesse sentido as organizações sociais da sociedade civil organizada
vêm clamando desde os seus surgimentos, por políticas de apoio às causas das
reformas de base em especial a Reforma Agrária. Pensar em um modelo de
desenvolvimento para as comunidades rurais de nossa região, temos que primeiro
nos preocupar com as alternativas a respeito dos processos agrícolas e as
tradições extrativistas das populações tradicionais, uma vez que todo esse
leque de valores já vem sendo ameaçado.
desmatamento para o plantio de eucalipto |
Promover a
Agrobiodiversidade no Baixo Parnaíba talvez não seja um bicho de sete cabeças,
mas com toda certeza será uma questão de pura determinação contínua daqueles e
daquelas que gritam pela concretização dos direitos humanos e da vida. Penso
que para se criar um programa de conservação de manejos sustentáveis e alternativos
não dependem só das lutas e protestos, mas também do interesse dos próprios
governantes -, uma vez que as leis possam pelos seus gabinetes. Esse projeto
deve em seus determinados objetivos tratar, sobretudo do respeito às áreas
territoriais dos povos das chapadas, seus mapas de caça e pesca e práticas na
agricultura familiar de subsistência com utilização das sementes crioulas e
tradicionais – tratando assim do patrimônio florestal e faunístico da região,
assegurando a reprodução dos sistemas de produção segundo as especificidades socioculturais
no ecossistema. Para isso é preciso ainda se preocupar com a biossegurança das
comunidades – revendo a lei da Biossegurança garantindo assim a produção e
comercialização dos produtos da roça, combatendo os cultivos transgênicos e aplicação
de venenos tóxicos nos campos das monoculturas de soja e eucalipto, um vez que
todos esses desacatos ameaçam a vida e a soberania alimentar das comunidades,
causando vários danos irreversíveis ecológicos e sociais.
família camponesa da comunidade Prata do Hilton - U. S |
Todo esse floreado
é pra deixar bem claro sobre a problemática sustentada pelo capitalismo
selvagem em sua ganancia por lucros e lucros, usando seu poderio econômico para
adquirir mais terras deixando para traz um legado hediondo de crimes
ecologicamente perigoso não apenas para os povoados, mas também para as
populações que vivem nas cidades; sendo estas dependentes dos bens naturais das
comunidades como produtos agrícolas e água. As nascentes dos rios baixo-parnaibense
estão ameaçadas e muitas delas já desapareceram. O agronegócio toma conta de
áreas incalculáveis, os camponeses na defesa dos seus direitos vão para o enfrentamento
– é daí então que surge intensos conflitos agrários envolvendo famílias de
trabalhadores rurais, proprietários e grupos empresariais. Cabe nessa proposta
aos governantes e donos da lei, como os sistemas executivos, legislativos e
judiciários e o Ministério Público estabelecer mecanismos para garantir a
segurança das famílias atingidas em tais situações de violações dos direitos
humanos.
As chapadas
merecem viver como viviam antes. Como é triste ver bacurizeiros e tantas outras
espécies sendo derrubadas, virando carvão dando lugar para o plantio de
eucaliptos e soja. A violência no campo do Baixo Parnaíba Maranhense é uma
página quase esquecida pelos órgãos jurídicos de proteção a pessoa humana. Muitos
casos de desrespeitos e impunidades são constatados no dia a dia de nosso povo.
A Reforma Agrária é a ponta marcial das reivindicações nas atividades dos
movimentos sociais, acredita-se que através dela nas titulações e arrecadações fundiárias
das terras doadas aos camponeses, melhorias virão sim, com certeza –,
concretizando todo esse conjunto de privilégios; realizando então um sonho
adormecido há tempos reivindicado sempre pelo movimento social.
lagoa da comunidade Santa Maria - U. S |
José Antônio Basto
Militante em Defesa dos Direitos Humanos
email: bastosandero65@gmail.com
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