Ministro Aloizio Mercadante decidirá se aceita sediar o evento que vai reunir 194 países em novembro de 2012.
O Brasil poderá sediar a Conferência mundial de
ciência e tecnologia para as regiões semiáridas, realizada de dois em
dois anos pela Organização das Nações Unidas, com a participação de 194
países e uma semana de duração. O evento está pré-agendado para novembro
de 2012 pelo Comitê Científico da Convenção das Nações Unidas para
Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos de Secas (UNCCD),
organismo da ONU presidido pelo brasileiro Antonio Rocha Magalhães,
eleito em outubro de 2011 na 10ª sessão da Conferência das Partes (COP)
em Changwon, na Coreia do Sul.
O Comitê Científico da UNCCD se
reunirá na Alemanha, em Bonn, nos dias 14 a 16 de fevereiro para
discutir o programa de trabalho de ciência e tecnologia da Convenção e a
Conferência mundial de ciência e tecnologia para as regiões secas.
Segundo Antonio Rocha Magalhães, as Nações Unidas esperam que o evento
seja realizado no Brasil, que preside o Comitê, mas a decisão depende de
uma formalização da candidatura pelo governo brasileiro, por parte do
Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
O Centro de Gestão e
Estudos Estratégicos (CGEE), do qual Rocha Magalhães é assessor, já
enviou a documentação ao ministro Aloizio Mercadante. Nesta sexta-feira
(13), o pedido será reforçado pelo presidente do Conselho Nacional dos
Institutos Federais Ensino Tecnológico (Conif), Cláudio Ricardo Gomes de
Lima, reitor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Ceará (IFCE), em audiência com o ministro.
Depois de definida a
intenção do governo brasileiro de receber o evento, o estado do Ceará
poderá vir a manifestar o desejo de sediar a Conferência. Contato
preliminar já foi feito com o secretário de Ciência, Tecnologia e
Educação Superior, René Barreira, que na última quinta-feira manifestou
interesse em ter o estado como anfitrião da reunião, relata Antonio
Rocha Magalhães. O secretário assinalou que ainda vai ouvir o governador
do Ceará, Cid Gomes, o BNB e o MCTI, eventuais parceiros na realização
do evento.
UNCCD - A UNCCD é constituída por representantes
oficiais dos 194 países membros, que assinaram a Convenção, entre eles o
Brasil. A décima Conferência das Partes da Convenção (COP 10) foi
realizada entre 10 e 21 de outubro na cidade de Changwon, na Coreia do
Sul. Como presidente, Antonio Rocha Magalhães dirigiu a primeira reunião
da UNCDD, três dias de discussão das atividades científicas da
Convenção. Ele integra o bureau que dirige a Convenção das Nações Unidas
para Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos de Secas.
Rocha
Magalhães é cearense, nascido em Canindé. Doutor em economia pela
Universidade de São Paulo (USP), ex-secretário de Planejamento do Ceará,
Rocha Magalhães exerceu no Ministério do Planejamento as funções de
secretário executivo no governo Itamar Franco e assessor especial para
assuntos do Nordeste no governo Sarney. Foi oficial principal do Banco
Mundial para o Brasil e representou o governo brasileiro no Painel
Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).
Participaram
da COP 10 ministros e representantes oficiais dos países, entidades da
sociedade civil organizada, cientistas, jornalistas, parlamentares e
integrantes de organismos intergovernamentais. Em uma reunião da
Convenção das Nações Unidas sobre Combate à Desertificação, que se
realizou no México, em setembro, Antonio Rocha Magalhães foi eleito
representante da América Latina no Comitê Científico da Convenção.
Agora, na COP 10 (Conferência das Partes da Convenção), na Coreia, por
votação, o representante da América Latina assumiu a presidência do
Comitê Científico.
Em 1992, Magalhães coordenou a realização da
Conferência Internacional Impactos de Variações Climáticas e
Desenvolvimento Sustentável em Regiões Semiáridas (ICID), uma reunião
preparatória para a conferência Rio 92. O encontro produziu um documento
com recomendação de políticas públicas para que se buscasse o
desenvolvimento sustentável das regiões semiáridas e teve como resultado
a Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação e
Mitigação dos Efeitos das Secas, que foi recomendada na Rio 92 com base
nos estudos técnicos da ICID.
A segunda edição da ICID, a
Conferência Internacional sobre o Clima, Sustentabilidade e
Desenvolvimento das Regiões Áridas e Semiáridas, foi realizada em
Fortaleza, em agosto de 2010. As regiões secas da América Latina, Caribe
e África, habitadas por maioria de população pobre, serão as mais
atingidas pelos efeitos do aquecimento global. Por isso, se mobilizam
para colocar na agenda da Conferência de Cúpula das Nações Unidas que
vai debater meio ambiente e desenvolvimento sustentável no mundo, a
Rio+20 em 2012, no Rio de Janeiro.
(Flaminio Araripe para o Jornal da Ciência)
http://www.jornaldaciencia.org.br
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