Publicação traça a geografia das plantações e seus impactos socioambientais
O “Escravo, nem pensar!” começa o ano lançando a cartilha “Deserto Verde” – os impactos do cultivo de eucalipto e pinus no Brasil. A publicação, elaborada pelo programa com base em pesquisa do Centro de Monitoramento de Agrocombustíveis,
outro projeto da ONG Repórter Brasil, traz uma análise dos impactos
socioambientais gerados pela monocultura do eucalipto e do pinus
(culturas conhecidas como silvicultura) nas regiões Sudeste,
Centro-Oeste e Nordeste. A publicação foi impressa com o apoio do
Instituto Rosa Luxemburgo Stiftung.
O material é destinado para professores e professoras, comunidades e
entidades socioambientais. A cartilha apresenta dados sobre a extensão
das plantações, o volume de produção e investimentos do setor no país.
Informações sobre desdobramentos legais de alguns casos e os impactos
dos empreendimentos de eucaliptos e pinus sobre comunidades tradicionais
completam a publicação. Com o intuito de fomentar a discussão sobre
essa questão, a seção “Para debater o tema” apresenta propostas
didáticas para refletir sobre o avanço das plantações.
As plantações de eucalipto e pinus ocupam, atualmente, 6,5 milhões de
hectares em todo o país. Nas últimas décadas, o cultivo dessas espécies
se expandiu significativamente pelo campo, em parte justificado e
propagandeado como benfeitoria ambiental.
E qual a finalidade de toda essa plantação? Os eucaliptos servem de
matéria-prima para a produção de celulose, carvão vegetal e ferro-gusa,
componente do aço. No Brasil, onde há dois grandes pólos siderúrgicos -
Carajás (PA) e Betim (MG) - a demanda por esses insumos é constante.
Ocupando, em geral, exclusividade no uso do solo das grandes
propriedades em que são plantadas, eucaliptos e pinus acabam formando
uma extensa paisagem uniforme. Por conta desse cenário com pouca
diversidade de fauna e flora, além dos possíveis efeitos nos recursos
hídricos, o termo “deserto verde” vem justamente contrapor a ideia
positiva do “reflorestamento” que, cada vez mais, acompanha essas
culturas.
Trabalho escravo e conflito agrário
Os casos de trabalho escravo no Brasil têm sido flagrados em distintas atividades agrícolas e o cultivo de eucalipto e pinus também faz parte desse lamentável contexto.
De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego, casos de trabalho
escravo nas atividades de pinus e eucaliptos representam 7% do total da “lista suja”, cadastro que registra dados dos empregadores flagrados utilizando mão de obra escrava.
Segundo a cartilha, os impactos da silvicultura não se restringem ao
meio ambiente e às violações trabalhistas. Essa atividade econômica
atende demandas empresariais de expansão e apropriação de territórios,
gerando muitas vezes choque com comunidades tradicionais, como
camponeses, quilombolas e indígenas, que possuem uma relação diferente
com a terra. Por isso, o conflito agrário, decorrente da disputa por
terra, água e outros recursos naturais, acaba sendo uma das piores
consequências. Na cartilha, você encontrará informações sobre casos de
conflitos e resistência que aconteceram em Minas Gerais, Espírito Santo e
no Mapito, região que engloba os estados do Maranhão, Piauí e
Tocantins.
http://escravonempensar.org.br/upfilesfolder/materiais/arquivos/cartilha_deserto%20verde.pdf
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