quarta-feira, 15 de março de 2023

oficial de justiça

No dia 23 de fevereiro de 2023, o oficial de justiça de Buriti Joaquim Almeida da Silva Filho realizou uma inspeção judicial numa área de 150 hectares que se encontra em disputa ambiental jurídica e social no povoado Carrancas envolvendo o senhor Gabriel introvini plantador de soja e o senhor Vicente de Paulo agricultor familiar. Pelo que consta no processo, a última distribuição se deu em fevereiro de 2022 quando os advogados dos introvini pediram ao juiz que garantisse a posse do terreno. Subtende-se que a inspeção aconteceu mais de um ano após a solicitação dos advogados. Nesse transcorrer de tempo aconteceram muitas coisas e uma delas foi que a Vara Agrária concedeu uma liminar de manutenção de posse favorável ao Vicente e desfavorável ao Gabriel introvini. Perguntar não ofende: por que o oficial de justiça realizou uma inspeção judicial de um caso que não e mais de competência do juiz de Buriti? Por que o Vicente de Paulo não foi comunicado da inspeção? Por que o oficial de justiça em sua narrativa trata Vicente de Paulo e sua família como invasores? Esse é um termo perjorativo e quem geralmente usa são os grandes proprietários. Pelo visto o oficial assumiu o discurso do proprietário. Se a inspeção judicial foi feita para favorecer o plantador de soja ela incorreu num efeito contrário pois todas as fotos tiradas pelo oficial demonstram a posse de Vicente de Paulo e de sua família enquanto que os Introvini não tem nenhum benefício.

em movimento

Pode não se evidenciar mas quase tudo se movimenta mesmo a noite. O gado comia o capim a beira do rio Itapetininga povoado Paricatiua resex Itapetininga município de Bequimão. Em razão da noite escura ouvia se apenas o quebrar do capim e o morder dos animais. Eles sentiam necessidade de botar sal na boca. O sal que se grudara no capim do peixe boi devido as águas do mar que encharcavam a beirada do rio. Desse jeito o gado se criava. O dono soltava os animais que iam atrás de comida. A necessidade de se alimentar tira o animal da sua zona de conforto e o impele a vagar por caminhos incomuns e tortuosos. Quase certo que esse rebanho descendia de bois puxadores de carros de antigas fazendas de proprietários do século XIX. Os carros de boi transportavam cana de açúcar para os engenhos moerem e fabricarem açúcar cachaça e outros produtos. Por décadas municípios do litoral oeste maranhense como Alcântara Bequimão Guimarães forneceram alimentos para a cidade de São Luís. Pescados mariscos frutas carne gado e porco, galinha caipira, açúcar arroz, babacu, abasteciam mercados feiras pequenos comércios restaurantes e residências da capital maranhense. De tanta fartura , chegou se a formular a ideia de que essa região representava representava um pequeno "paraíso" ou um pequeno "refúgio" dentro da estrutura agrária maranhense. Sem grandes conflitos, os moradores podiam caçar pescar rocar tirar madeira construir casa na terra dos outros que tudo ficava bem e por isso mesmo. Uma hora a conta chega e o mercado capitalista quando quer cobra caro. O mercado está de olho gordo no que a região tem de mais precioso. A relação com a água, seja doce ou salgada. A construção de um porto na ilha de Cajual em Alcântara e de uma ferrovia entre Alcântara e Açailândia com o intuito de escoar a produção de grãos e os produtos da mineração podem acarretar danos incomensuráveis a qualidade e a quantidade da água doce da qual se serve a população e a pesca já que a ilha de Cajual e um grande berçário de várias espécies de peixes

porto de alcantara

Em qualquer lugar, tem que se saber entrar. Esse não e o caso da secretaria de meio ambiente do estado do Maranhão que entra sem pedir licença e da licenças ambientais sabe Deus como. Chegar de qualquer jeito leva a bordoadas: "vende teu peixe e vai te embora". O preço da pescada amarela tá caro e vai ficar mais caro ainda se depender dos projetos do governo do Maranhão para a região de onde se extrai a maior quantidade de peixe no litoral maranhense. Governo do Maranhão iniciou as tratativas para a construção de um porto na ilha do Cajual em Alcântara. O governo do Maranhão e a empresa responsável grão pará (reminiscências de um passado glorioso) foram chegando e cercando as comunidades quilombolas que vivem na ilha do Cajual. Será que as comunidades quilombolas e a sociedade de Alcântara apreendeu absorveu e compreendeu o que é receber um porto em seu território? Provável que não. Dando uma dimensão do problema. Como qualquer iniciativa de infraestrutura, um porto precisa de grandes áreas para a sua instalação. E inevitável que comunidades localizadas por perto acabem desaparecendo pelos impactos que as obras causem. Os responsáveis pelo projeto do porto e o governo do Maranhão informaram corretamente as comunidades antes delas darem seu aval a construção? Difícil.

paragrafo

Escreva um parágrafo sobre o almoço ocorrido em buriti, rapaz. Para alguém que mal sabia passar um café e fritar um ovo esse pedido quase ordem soou irónico ou surreal. Escrever que serviram a galinha caipira como prato principal ? Se for isso tá escrito. Da pra divagar um pouco tipo o caminho percorrido pelas chapadas de Buriti. Um caminho divagante onde para se perder custa pouco. Pela segunda vez em quae dez anos, alguns abençoados lhe convidaram para comer galinha caipira no povoado Marajá. A família que o convidara disputava uma área de chapada com os vizinhos. Essa confusão se arrastava por longos anos e sem nenhuma previsão de encerramento. Suspeitava se que a fazenda palmeira bancava o advogado dos vizinhos. Sabe como e. Plantador de soja que favorece alguém não e porque seja bonzinho e sim porque quer algo mais na frente. Nós municípios de Buriti e Mata Roma três grupos empresariais devoram as Chapadas com seus plantios de soja: fazenda Europa fazenda Palmeira e família introvini. Elas se especializaram em plantar mas também se especializaram em destruir o Cerrado com a cara mais lavada possível como se fosse a coisa mais natural. No almoço rolou uma caipira no leite de coco babacu daquelas de lamber o beiço. De sobremesa rolou uma melancia cujos pedaços mal cabiam na boca de tão grandes. A chapada do povoado Marajá fora grande outrora e reduzira se a pequenos fragmentos cobiçados pelas empresas de soja e pela interalli, responsável pelos desmatamentos. Acabou sendo mais que um parágrafo sobre um almoço

domingo, 5 de março de 2023

juçara

Quem toma juçara deve saber que ela só aceita poucos acompanhamentos. Farinha seca farinha dagua açúcar carne seca peixe seco e por aí vai. Se não sabe procure saber porque essa é uma informação preciosa capaz de evitar intoxicação alimentar. Como dizem, juçara e quase um almoço. Um almoço que a tarde vira uma merenda e a noite vira um jantar. Por décadas, tomava se juçara em casa ou alguma festa numa tigela copo xícara. Onde coubesse a juçara a farinha e o açúcar tava de bom tamanho. Originalmente, um hábito de famílias pobres que colhiam os frutos subindo na jucareira e amassavam para tirar o suco ou compravam em vendas simples construídas em mercados ou feiras. Quanto mais a floresta Amazônica fica pra trás menos juçara tem. Não se sabe o tempo que faz, mas o município de Chapadinha e atendido por uma franquia que vende produtos a partir da juçara e nesse caso pouco importa o acompanhamento. Granola, leite condensado e o escambau. Os paraenses chamam isso de heresia. Paraenses chamarem algo de heresia e quase uma piada. E o povo mais herético do Brasil. Chapadinha e um município predominante de Cerrado com algumas manchas de floresta Amazônica da qual faz parte o ambiente da Juçara os brejos e os alagados. A produção de juçara no município e incapaz de fornecer o suficiente para esse tipo de empreendimento portanto a manufatura vem de outras regiões. A quantidade expressiva de fregueses na Acaiteria a noite comprovaria que os chapadinhenses há muito tempo ou abandonaram o hábito de tomar juçara em casa ou se encantaram com a ideia de tomar juçara em um ambiente consumista. Entre hábitos tradicionais e modernos a sociedade consome um produto com a cara da Amazônia com uma cobertura industrial. contudo, as referências da juçara não são apenas geográficas. As referências também são histórico sociais. Histórias de pobreza humilhações e fartura. O consumo como qualquer ato humano e contraditório.

milho verde

Menos se espera, ouve se "milho verde, milho verde". Um senhor de moto subia a rua paralela oferecendo milho para quem quisesse comprar. De onde viria aquele milho? A entonação da voz sinalizava para algum lugar há muito esquecido. Em outra ocasião, um outro senhor subira a sua rua e pronunciara "sururu, sururu". Tão raro escutar sururu e muito mais raro escutar milho verde. Os vendedores vinham de longe e carregavam consigo essas lonjuras de preferência pela manhã. Por conta do "milho verde", o "sururu" retornara a sua memória que ficara entreaberta da última vez em que quase fotografara o vendedor. Hesitara e por fim desistira da foto. A voz vinda de longe expande mais a memória do que uma simples foto.

escritores

Para os escritores maranhense Nascimento Moraes e Astolfo Marques a data mais importante para os maranhenses se reportava a abolição da escravatura em 13 de maio de 1888, mais importante até que a proclamação da república em 15 de novembro de 1889 por Deodoro da Fonseca. A província do Maranhão ao longo da história foi especialista em dar provas que mudanças de regime nunca foram seu forte. O Maranhão aderiu a independência em julho de 1823, quase um ano depois do grito de Ipiranga. Essa demora, segundo dizem, passa pelo fato de que a economia maranhense negociava direto com Portugal assim como os filhos da elite maranhense iam estudar em Lisboa. Em termos econômicos a independência representou uma perda considerável para o Maranhão. Claro que essa perda não poderia ser verbalizada descaradamente. Nessas circunstâncias, a melhor forma de escancarar a insatisfação da elite maranhense perante a independência e a sua perda económica seria construir fatos estéticos e literários que forçassem uma superioridade em relação ao restante do Brasil. Atenas brasileira, melhor português falado, capital fundada por franceses e segundo melhor carnaval do Brasil?!!! O que e isso senao uma forma simbólica de compensar uma perda material.

o dia

Ele separaria um dia e este dia o levaria ao povoado Coceira, município de Santa Quitéria, palco de tantas lutas e tantas conquistas socioambientais. Estava certo disso e tão certo que imaginava como o receberiam. Saudades tamanhas que mal cabem em abraços e palavras. Sabia o nome de todos eles, os cabeças, aqueles que comandaram a resistência contra o avanço dos tratores da Suzano Papel e Celulose e de Gilmar Locatelli sobre as Chapadas marcadas por infinitos bacurizeiros. A Suzano partiu e o Gilmar não deu mais as caras. Tirar os grileiros como Chico Zulmira vira com o tempo. Sabia os nomes de todas as lideranças de Coceira Baixão da Coceira Lagoa das Caraíbas São José que conseguiram a regularização fundiária. Deixa quieto. Melhor guardar no coração. Fala se muito de resistência da parte das comunidades, mas a maior resistência e frente ao tempo e o que ele faz com as pessoas. O tempo faz esquecer. E preciso então citar um nome entre tantos. Seu Veríssimo falecido recentemente, liderança fantástica de Coceira. Ele posou para uma foto e nessa foto ele está inesquecível. Com as pernas cruzadas e a mão segurando o rosto envelhecido. Se não fosse por ele e por outras lideranças a Coceira estaria hoje com eucaliptos nas portas das casas e sem safra de bacuri. Atualmente, a safra de bacuri no Coceira chega a 80 toneladas.

Suzano grila cinco mil hectares em Urbano Santos

Um conhecido apelou para sua imaginação: "Mayron tu nem sabes. Pedalava pela cidade quando topei com um fragmento de Cerrado perto do centro de Chapadinha." Recordava do nome dele, Ayres, e da sua profissão, economista, mas não se recordava em qual circunstância se conheceram. Era a mesma coisa com livros. Quantos livros comprara e ao ler e gostar se martirizava "por que foi mesmo que comprei?" O livro "Microcosmos" de Cláudio Magris fora desse jeito. Comprara por alguma razão, guardara na estante e ao le lo com gosto se esquecera da razão por completo. A razão por recordar o conhecido e a sua pedalada pelo cerrado sabia. As áreas de Cerrado no Baixo Parnaíba maranhense se reduziram por conta da soja e do eucalipto. Quem quiser ver Cerrado em grandes extensões terá que sair de Chapadinha e entrar em Urbano Santos mais precisamente povoado de Jucaral. Mais de 100 famílias moram nesse povoado há mais de um século e vivem da agricultura familiar e do extrativismo do bacuri. Várias vezes requereram ao Iterma a regularização de seu território e órgão nunca se dispôs a realizar o trabalho. Ultimamente a Suzano papel e celulose tem reinvidicado a posse de mais de cinco mil hectares o que pega Jucaral todos os santos bebedouro cutia gorda Guariba gorda e laranjeiras. A Suzano reivindicar a posse de cinco mil hectares e muita cara de pau. A posse e um instrumento que favorece o pequeno agricultor e não uma grande empresa. A Suzano quer os cinco mil hectares para vender a empresa AVB que tem a primeira usina siderúrgica de carbono neutro do mundo em Acailandia. O que a Suzano está fazendo e grilagem de terras o que ela sempre fez seja em Urbano Santos Santa Quitéria Anapurus Brejo São Bernardo e etc. Grilar terras públicas em seu nome. Mais de 40 mil hectares foram desmatados nos anos de 2009 e 2010 para que ela plantasse eucalipto. A Suzano pretende vender as áreas de eucalipto e as áreas de Cerrado para serem virarem carvão.

Um porto na Camboa

Que incrível. Quem passa pela camboa nem sonha que ali foi um dos portos mais movimentados e mais importantes da cidade de São luis em tempos pretéritos. As pessoas viajavam de Alcantara, enfrentando as mares os ventos, tempestades e a noite escura, em barcos a vela e desembarcavam num porto na foz do rio Anil com suas cargas de alimentos que entregavsm aos familiares ou aos comerciantes. Uma carga que não entregavam eram seus sonhos e ideais. A cidade de Alcantara foi a cidade mais importante do Maranhao em determinado momento da historia. Produzia açúcar e algodão e exportava para os Estados Unidos. Essa relevância econômica se comprovava no número de senadores de alcantara na época do império. Foram cinco senadores. Alcântara fornecia quase todo alimento para a cidade de São Luis. Como a cidade de Alcantara perdeu relevância na economia e na politica maranhenses? E como isso e pouco debatido. A perspectiva da construção de um porto na Ilha do Cajual traz em seu bojo a promessa de retomada econômica e social de uma região que foi esquecida e ainda e pelas eltes maanhenses. A retomada é a isca que as elites jogam para ver se a sociedade engole o projeto da construção do porto.

O porto do rio anil

Um amigo lhe pediu que o ajudasse a conseguir o livro memorias póstumas de Bras Cubas, livro de machado de assis que deveria ler para poder responder eventuais perguntas numa prova. Esse amigo morava longe, em santa quiteria. Para atender o pedido, a pessoa que pensou e correu atras foi o amigo dono de um sebo literário. Pensou nesse sebo porque vivia nele, conversando sobre politica e literatura. Ao ser consultado, o dono do sebo respondeu que naquele momento o livro estava em falta. E o amigo de Santa Quiteria, espremido pelo tempo, queria saber se conseguira o feito. Por sorte, o dono do sebo adquiriu o livro por aqueles designios divinos que não ousava perguntar porque os segredos dos deuses dos sebos devem ser bem guardados. Pegou o livro e o carregou ate em casa. Observou que os livros de romace de Machado de Assis lera todos, mas não comprara nen hum. Lera todos emprestados. Era um tempo que não comprava livros. A edição que comprara para o amigo era bonitinha. Deu vontade de comprar um para si. Uma hora, compra-se. Veio a mente a seguinte questão: como a sociedade brasileira se relaciona com seu passado, visto que memorias póstumas é um livro escrito por um morto que narra a sua morte para depois passar a narrar fatos de sua vida? E bom fazer perguntas desse tipo, pois um dia antes de pegar o livro no sebo dialogava com os vizinhos em torno da historia de um porto que ficava perto do lugar onde morava. Nunca ouvira falar de um porto ali perto. O porto segundo o comunicaram pertencia a uma fabrica de beneficiamento de babaçu e nela trabalhavam todos do bairro. Se havia um porto e nele aportavam barcos, a maré subia pra peste e nela se banhavam as crianças e os jovens que desciam as ruas em busca do famoso rio anil.

bibliotecas

Em toda a sua vida, ele teve contato com poucas bibliotecas particulares em comparação com o contato que teve com as livrarias, mas foi do acesso a essas bibliotecas que obteve as mais fortes emoções. O acesso as bibliotecas particulares lhe conferiu emoções nunca antes sentidas porque requereu uma grande dose confiança da parte do dono. Por alguns instantes deixaria de escrever biblioteca particular para escrever coleção particular que e a expressão mais apropriada para o que será abordado. Um professor de matemática, seu nome era João Berto, ambos moravam na Liberdade, sabia do seu apreço pela obra de Agatha Christie e que gostaria de ler o máximo possível de livros da autora. Por essa razão lhe apresentou um amigo professor, morador da avenida principal da liberdade, e a sua coleção completa de Agatha Christie. Sentiu se abismado na presença de tantos livros. Um abismo que o levava a um labirinto de leituras da qual nunca sairia. A princípio, sair para onde ?

As margens dos rios e manguezais

Da lama ao caos o disco/CD mais importante da música brasileira em 40 anos. Gravado pela banda recifense Chico Science e Nação zumbi em 1994, exatos trinta anos do golpe militar. Quem tiver interesse em listar as palavras mais frequentes nas letras de Chico Science encontrará lama caos rios pontes pontes overdrives caranguejo mangue/manguezais Josué samba maracatu fome cidade recife e etc. Nenhuma dessas palavras se impunha no discurso das músicas. A presença dessas palavras provocava uma ruptura no aparato discursivo utilizado tradicionalmente na música brasileira. Da lama ao caos título do disco/CD era uma ruptura porque lembrava mais um título de banda de heavy metal do que um grupo nordestino. O título de um discos do Sepultura e Caos A.D. Boa parte das palavras que Chico Science expôs em suas músicas eram sumariamente evitadas. A narrativa de Da Lama ao Caos se caracterizava por refrescar a memória do público da existência dessas palavras que a rotina capitalista foi apagando. Pode parecer inacreditável, mesmo uma palavra como rio era pouco ouvida em músicas a não ser claro que pense em rio de janeiro. "Rios pontes e overdrives" a terceira faixa de Da Lama ao Caos não cita de que rio ponte e overdrives está se tratando. Ausentar nomes garante um ar de universalidade quase inacreditável a obra. E claro que a universalidade de Da Lama ao caos e bem maior que isso. Os rios que Chico deixa de citar sao o Beberibe e o Capiberibe. Ele conhecia os rios e ouviu várias vezes seus nomes. Devia passar perto deles constantemente. Quer se crer que o sujeito social presente em Da Lama ao Caos "o homem coletivo sente a necessidade de lutar"(monólogo ao pé do ouvido) e como se fosse aquele fugitivo da história do Brasil que se depara com um grande fluxo de água e e incapaz, por ser de muito longe, de nomea lo e de saber onde está.Da lama ao caos e o disco daqueles que vieram de longe e que se viram obrigados a ocupar as margens dos rios mangues cidades e etc. Ao ocuparem deram suas próprias visões a uma história pouco contada

chuva

Choveu o que não tava escrito. Choveu o que não tava no Gibi. Até onde sabia, chove muito no carnaval e quem reclamar vai perder tempo. Indagava se porque saira de casa ao ver a chuva cair de com força pelas ruas e pelos telhados das casas. Existe algum lugar melhor para ficar durante uma chuva ? Se estivesse em casa, ficaria deitado a escutar o barulho da chuva. Pois bem, um amigo o convidara para tomar umas cervejas no bar da baixinha. A baixinha que realmente era baixinha, verdade seja dita. Bebiam cerveja, a baixinha não, no domingo de carnaval e o amigo escutava sambas enredos do carnaval maranhense. O samba enredo da Império Serrano soava mais coerente. Essa escola de samba nascera na década de 60 e afixara se no monte castelo. Nesses tempos, as partes menos nobres do bairro cobriam suas casas de palha e ao menor sinal do trem Maria fumaça São Luís-Teresina os moradores se armavam com baldes de água para apagarem as cinzas antes que causassem incêndios. A linha férrea Sao luis -Teresina subsiste em sonhos e lembranças. Da mesma forma, subsistem os portos e galpões de empresas de beneficiamento de babacu as margens do rio anil. Pronunciar o nome de alguma família dona desses galpões acarreta lembrancas em que os barcos desciam o rio Mearim e subiam o rio Anil para descarregarem suas cargas de babacu que seriam transformadas em óleo nas fábricas existentes e vendidas nos comércios de São Luís e outros municípios. O babacu que rapidamente seria descartado pelas elites maranhenses para dar lugar a soja como principal item de produção e exportação da economia do Maranhão.

areias

Povoado Areias, município de Buriti. O André introvini plantador de soja compra 200 hectares de chapada das maos de um posseiro entre 2018 e 2019. A compra/venda surpreendeu em termos várias pessoas porque quem vendeu por várias vezes afirmou que gostaria de regularizar a terra em seu nome o que auxiliaria e muito a sua família e seus parentes. Pelo que se viu não era bem assim e que o seu projeto era ganhar dinheiro. O negócio parecia tão resolvido que quem vendeu pegou o dinheiro e tirou pra Afonso Cunha onde comprou um terreno. Logo se viu que não pois o André introvini mandou avisar os parentes de quem vendeu o seu propósito de derrubar a chapada e tudo o que havia deles nela. Dois moradores ao saberem da história foram se a ver com o Introvini em seu escritório só que ele não se encontrava. Deixaram um recado: esperariam os seus tratores para ver se tinha coragem mesmo de derrubar. André introvini não pagou pra ver e os moradores que eram irmãos cercaram todos os duzentos hectares porque detinham os documentos verdadeiros da terra e quem vendeu se utilizou de documentos forjados em cartório. O André introvini saiu perdendo duas vezes: pagou e não recebeu.