O Programa Territórios Livres do Baixo Parnaíba (Comunidades do Baixo Parnaíba e Fórum Carajás)
terça-feira, 28 de setembro de 2021
A cobiça pela florestada dos quilombolas
A cobiça pela floresta dos quilombolas
Ela pediu o direito a fala. Sentia-se tocada pelas falas anteriores. Moradora do povoado Centro da Floresta, munciipio de Colinas, se ressentia do individualismo que seus vizinhos experimentavam. “ A pessoa se tranca em casa e sai de moto. É assim o dia todo”. Quase dá pra dizer que ninguém põe freio no fenômeno das motos pelo interior. Quem adquiri uma moto quer ficar por dentro das novidades e por dentro da velocidade, essa é a verdade. O dinheiro que se compra uma moto vem de onde? No caso da comunidade dessa senhora pode ser que venha da venda de lotes no território quilombola de Centro da Floresta que faz parte de um assentamento da reforma agrária Jaguarana de responsabilidade do Incra. O incra desapropriou a fazenda da Jaguarana como uma forma de garantir o modo de vida de três comunidades negras que residiam no território. A discussão a respeito do que vinha a ser quilombola mal começava. Não resta dúvida que muitos evitam se identificar como quilombolas. alguns elementos que subjazem a identidade quilombola são aa sensações de pertencimento a um grupo familiar e a um território físico. Ela se recordava das matas que circundavam o território quilombola de Peixe e que os fazenderios desmataram quase tudo para criar gado e plantar soja. Anos antes desses desmatamentos, montada num jumento e acompanhada de um pequeno grupo, ela pegou chuva forte na estrada vicinal que a levava de volta a sua comunidade. A mata sombreava o caminho e esse fato certamente atraiu tamanha chuva. Uma floresta em pé desperta a cobiça de desmatadores. A fazenda Colina Verde, que planta soja, comprou a posse de vários moradores do Centro da Floresta e pretende desmatar a área conhecida por Perdido que é justamente a reserva legal da comunidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário