O Programa Territórios Livres do Baixo Parnaíba (Comunidades do Baixo Parnaíba e Fórum Carajás)
domingo, 25 de julho de 2021
uma sensação boa
Toda a vez que eles se viam, o seu Ferreira lhe passava uma sensação boa. Vai ver essa sensação residia em algum ponto da sua historia recente. Por diversas vezes, o grupo João Santos, empresa de cana de açúcar de Coelho neto, e o Andre Introvini, plantador de soja, ameaçaram-no de despejo. As pessoas no Baixo Parnaiba, provavelmente, têm alguma historia de ameaça de despejo para relembrar e contar para o primeiro passante de beira de estrada que queira escutar. O Edivan, membro do MST e morador do povoado Belem, trouxe a baila o nome do povoado Brejão numa conversa em seu povoado. Que o povo de Brejão vivia sob condições de quase escravidão exercida pelo grupo João Santos que impunha regras de obediência e submissão a várias áreas do município de Buriti. A fama do grupo João Santos de opressão percorria o interior do Maranhão desde os anos setenta. A empresa comprou o Brejão das mãos de políticos maranhenses. A transação fora executada daquele jeito que todos sabiam e poucos perguntavam. o documento existente no cartório era só uma mera desculpa para justificar a fraude ou a legalização da grilagem da terra. O Estado do Maranhão não ia conferir os documentos para assegurar a legalidade ou não. Havia coisas mais urgentes para se preocupar. As faltas de preocupação e de ação por parte do estado do Maranhao referente as áreas publicas se traduziam numa incorporação do patrimônio publico por parte de empresas, de agentes financeiros e de políticos. Dessa forma, o negocio se concluía. No caso de Brejão, o então deputado Pedro Novaes vendeu o Brejão para o grupo João Santos que resolveu vender a propriedade assim como outras propriedades para gerar dividendos aos herdeiros da empresa. Na verdade, a terra não foi vendida. Ela foi arrendada para a família Introvini, plantadora de soja, e arrendar significa conceder uso provisório de uma propriedade mediante pagamento. O pagamento seria feito depois da venda dos plantios de soja. Por que uma empresa como o grupo João Santos em vez de vender arrenda a propriedade ainda mais num momento em que iniciara um processo de falência? Duas razões principais. Primeira: a documentação era falsa a propriedade não podia ser vendida. Segunda: a tentativa de fugir de pagamento de impostos devidos. A distancia de Brejão em relação a qualquer coisa do Maranhão e o desinteresse por parte do governo do Maranhão de qualquer coisa referente a zona rural favorecia as intenções de espertos como o grupo João Santos e dos Introvini de se darem bem. Só não se deram bem de todo modo porque seu Ferreira continua firme na sua casa ao lado de um babaçual no povoado Brejão resistindo as propostas para que aceite cinco ou dez hectares. Ele não aceita porque acredita que o seu direito a terra lhe garante muito mais terra.
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