O Programa Territórios Livres do Baixo Parnaíba (Comunidades do Baixo Parnaíba e Fórum Carajás)
quarta-feira, 21 de julho de 2021
Povos indígenas e o conformismo da historia do Maranhão
Ele queria provar que a presença indígena no Maranhão se fazia muita das vezes de maneira sutil, quase imperceptível. E a sutileza nem sempre é percebida como se requer. A exposição constante da influencia portuguesa, da influencia africana e até de uma suposta influencia francesa impregnam o cotidiano maranhense, principalmente, da capital São Luis. Certa vez, ele comentou seu interesse com uma namorada pela investigação da existencia de povos indígenas em determinados territórios os quais frequentava no norte e nordeste maranhenses, caso de Buriti de Inácia Vaz, Urbano Santos, Santa Quiteria, Barreirinhas, Humberto de Campos e Morros. Comentara anteriormente com um amigo que menosprezara a conversa com aquele jeito de que não vê procedência e sentido naquilo tudo. Não se sentiu derrotado e voltou ao assunto com a namorada cuja família tinha raízes na baixada. E qual foi a resposta? “ Em São Bento não há indícios de presença indígena”. Epa, como assim? A Baixada maranhense é sumamente conhecida e reconhecida por guardar artefatos arqueológicos que comprovam a presença indígena milhares de anos antes da chegada dos portugueses. Ela apenas repetia a visão e a versão de um escritor da região. Um conformismo intelectual ou a preguiça intelectual atrai conformismo social e vice versa. Os povos indígenas foram imprescindíveis para a própria colonização portuguesa no século XVII. Sem indígenas não haveria mão de obra escrava no inicio da colonização, pois os negros só chegariam em grande quantidade do século XVIII pra frente. Os recursos humanos da economia maranhense eram formados basicamente por indígenas capturados e essa presença indígena se estendia por todos os campos da sociedade agrária maranhense. A alimentação diária das camadas pobres maranhenses deixaria muito a desejar caso os indígenas tivessem sido exterminados como setores políticos e econômicos pretendiam. O maranhense come peixe e mariscos por causa da influencia indígena que ficou submersa por séculos. O homem é o que come e parte da população maranhense come pescada amarela, peixe pedra, peixe serra, curimatá, traíra, surubim, peixes de agua doce e salgada, e caranguejo, siri, sururu e surubim, animais que são pescados ou extraídos. Quem ensinou o maranhense do litoral a pescar no rio ou em alto-mar? Os conformismos intelectual e social acarretaram o apagamento de grande parte da historia indígena no Maranhão e o apagamento da consciência do papel dos povos indígenas na historia do Maranhão como um todo.
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