O Programa Territórios Livres do Baixo Parnaíba (Comunidades do Baixo Parnaíba e Fórum Carajás)
sexta-feira, 30 de julho de 2021
A ilha
A pessoa, em si, nem se apercebia do que rolava a sua volta. Morava numa ilha e nunca viajara de barco em toda a sua vida. Não é que ela sentisse medo de rio ou do mar. A oportunidade o evitava e ele também se fazia de indiferente quanto a ela. A pessoa, em si, gostava de samba e alguns dos melhores sambas que escutara se referiam ao mar e ao rio. Reparava que as pessoas a sua volta andavam pelas calçadas ao lado do mar ou do rio. Essas pessoas a sua volta andavam caladas e distraídas com seus pensamentos. O mar ou o rio pouco chamavam atenção delas. A pessoa, em si, mantinha-se fiel a cidade com certeza se bem que seu olhar desviava de quando em quando para o mar cheio ou não. Naquele ponto da cidade, mar e rio se uniam totalmente para que horas mais tarde se separassem. Nessas horas de separação, os homens andavam por sobre a lama ou por dentro do que se pensava ser o que sobrou do rio. Já pensou sair de barco com proposta de pescar peixe e catar caranguejo ou sururu? O que a cidade comia vinha dali ou de recantos mais distantes do litoral? Almoçava no centro da cidade, sozinha ou acompanhada. Pedia uma pescada ou pedia um caldo de sururu/sarnambi. Comer pescada era bastante comum. Uma amiga preferia comer pescadinha porque o gosto da pescada lhe parecia banal. Comer caldo de sururu/sarnambi era muito incomum. Um amigo se surpreendeu ao descobrir uma venda que comercializava o caldo. Quase tudo naquele comercio remetia a mar, rio e pesca. Não o mar, o rio e a pesca dali de perto. Os comerciantes compravam peixes e mariscos de outros mares e de outros rios, onde, certamente, também viviam seres muitos diferentes do que se acostumara a comer nos mercados e nas praias de São Luis. Pois bem, a pessoa perguntaria os nomes desses mares e desses rios para quem sabe finalmente sair da ilha.
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