O Programa Territórios Livres do Baixo Parnaíba (Comunidades do Baixo Parnaíba e Fórum Carajás)
quarta-feira, 30 de junho de 2021
Projetos de infraestrutura (ferrovia e portos) e os impactos nas comunidades quilombolas, indígenas e rurais da baixada maranhense
A região por onde passará o ramal ferroviário Alcântara-Alto Alegre do Pindaré foi a que recebeu inúmeros contingentes de negros escravizados que desembarcavam em São Luis, eram vendidos e seguiam pela baia de São Marcos para descerem em vários pequenos portos nos municípios de Alcântara, Santa Rita, Anajatuba, Arari, São Bento, Viana e etc. Os destinos definitivos dos negros escravizados eram as fazendas de gado, arroz, cana de açúcar e algodão. Antes da chegada dos negros, os proprietários das fazendas escravizavam indígenas. O tráfico de negros substituiu os indígenas visto que estes desenvolveram várias formas de resistência a escravidão. A atividade do trafico negreiro se acelerou a partir da segunda metade do século XVIII. Até esse momento as levas de negros escravizados eram pequenas comparadas com estados como Bahia, Pernambuco e Rio de janeiro. O Maranhão é um estado com forte presença de negros, por qualquer lugar que se ande a pessoa esbarra em um quilombo, mas se observa vários indícios da cultura indígena que foi integrada tanto a cultura negra como a cultura branca. Os negros ao chegarem ao Brasil não conheciam as realidades geográfica, ambiental e alimentar desse pais. Ou eles aprenderam sozinhos essas realidades ou eles aprenderam com alguém e nesse caso os indígenas que moravam ao redor das fazendas ou que vinham pedir favores, comida e trabalho. A pesca era a principal forma de conseguir carne e os indígenas sabiam os melhores locais de pesca e quais peixes se davam melhor na cozinha. Numa situação de poucos recursos, os indígenas ensinavam como acender fogo e ensinavam como mante-lo aceso para assar peixe no meio do mato. Os indígenas ensinavam também o negro não se perder no meio da floresta e caso se perdesse não passar fome; quais matos podiam ser comidos, quais matos temperavam comida e quais matos viravam remédio. A região da Baixada maranhense, por onde passará a ferrovia, e a região de Alcântara, onde será construído o porto de escoamento dos grãos da região oeste maranhense, preserva características historicas e ambientais da época da escravidão, características pouco estudadas. Caso os projetos da ferrovia e do porto sejam concretizados a tendência é que processos de concentração de terra, desmatamento, poluição do ar e dos recursos, surgimento e agravamento de doenças sejam deflagrados e multiplicados e as populações quilombolas, indígenas e agricultores familiares serão os mais afetados. o governo do Maranhão pouco repassa informações sobre esses empreendimentos de infra-estrutura e os impactos que eles causarão. Por exemplo, ao todo, serão oito portos construídos ou ampliados na baia de São Marcos e as comunidades pesqueiras de São Luis como Cajueiro, Porto Grande, Taim, camboa dos Frandes enfrentam diversos impactos ocasionados pelos portos do Itaqui e da Madeira, construídos, e pelo porto do Cajueiro em planejamento. Caso os oito portos sejam construídos ou ampliados como ficarão a pesca de água doce e a pesca em alto mar? Provavelmente, os estoques pesqueiros se reduzirão a níveis mínimos significando a extinção dos pescadores e o desabastecimento de peixe nos mercados e feiras de vários municípios maranhenses.
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