O Programa Territórios Livres do Baixo Parnaíba (Comunidades do Baixo Parnaíba e Fórum Carajás)
domingo, 16 de maio de 2021
Arrancados da Terra
Uma das historias lidas a infância e que a memoria preservou até os dias de hoje foi a do boi voador. Mauricio de Nassau, holandês que governou parte do Nordeste entre os anos 1637 e 1643, prometeu aos Recifenses que durante a inauguração de uma ponte que mandara construir faria um boi voar. A cidade de Recife parou para ver se de fato Nassau cumpriria com sua promessa. Um boi voou , um boi empalhado. De qualquer forma, a população recifense se deslumbrou e deliciou-se com o feito. Mauricio de Nassau administrava parte do nordeste, principalmente o nordeste açucareiro, sob a inspeção severa da Companhia das Indias Ocidentais, um misto de empresa capitalista e maquina de guerra, cujo principal proposito era saquear as possessões além mar do império espanhol e o Brasil fazia parte do império espanhol nas primeiras decadas do século XVII. A inauguração da ponte, metade madeira metade pedra, e o espetáculo do boi voador foram os últimos atos administrativos de Nassau, pois o seu mandato como administrador findara e os seus patrões da companhia das índias ocidentais decidiram não renova-lo. A memoria afetiva reviveu a historia do boi voador a partir da leitura do novo livro de Lira Neto “Arrancados da Terra”, no qual o jornalista cearense narra como os judeus saindo de Amsterdã e passando por Recife chegaram a Nova Iorque em 1654. O livro de Lira Neto sugere algumas leituras historicas importantes para a compreensão do capitalismo mercantilista do século XVII. Em termos gerais, os anos que os holandeses/judeus ocuparam o nordeste açucareiro (1630 – 1654) deram-lhes conhecimentos substanciais e suficientes para, quando da chegada no que seria a Nova Iorque dos dias de hoje, iniciarem a construção e o desenvolvimento de uma experiência social e economica que mesclaria comercio com dinamismo e liberdade de expressão e de culto. Os holandeses/judeus comerciavam de tudo e comerciavam por vários lugares no globo terrestre. Enquanto administravam o nordeste açucareiro, os holandeses/judeus aprenderam as rotas do trafico negreiro que traziam negros da África para trabalharem nos engenhos de cana de açúcar. Eles aprenderam ainda mais: sem negros não havia economia colonial. Esse aprendizado os holandeses/judeus levaram para Nova Amsterdam/Nova Iorque o que fomentou o desenvolvimento do capitalismo na américa do norte.
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