O Programa Territórios Livres do Baixo Parnaíba (Comunidades do Baixo Parnaíba e Fórum Carajás)
domingo, 1 de novembro de 2020
O Velho, o jovem e o rio Preto
Ele não leu “O Velho e o Mar”, romance de Ernest Heingway. Uma falta grave, por certo. Lera bastante literatura americana, um pouco além da conta, pois no computo geral os americanos perdiam em qualidade com relação aos russos e aos alemães. Não obstante esse comentário, dois dos melhores romances de todos os tempos foram escritos por americanos e ambos são shakespearianos: “Moby Dick” de Herman Melville e “Som e a Furia” de William Faulkner. Sob o mar desventuroso, Melville esconde ou estende o recife literário descrito pelo nome de William Shakespeare. Quem lê o escritor (Melville ou Shakespeare?) proclama o próprio destino. Um idiota contou uma historia cheia de som e de fúria não faz muito tempo e da qual poucos recordam. O escritor (Faulkner ou Shakespeare?) ´carrega sua historia impenetrável pelos portões da Historia sem ficar cansado. Bem, ele não leu “O Velho e o Mar” o que seria útil para quem sabe escrever “O Velho e o Rio” ou, quem sabe, “O Jovem e o Rio”. De maneira geral, nem velhos e nem jovens pescam mais às margens ou dentro do rio Preto como seus antepassados faziam. Bastava jogar uma isca que um peixe mordiscava e bastava jogar uma rede que se arrastava muitos peixes. Essa facilidade não significava fartura para que o ser humano usufruísse. Significava sim que a natureza conseguia repor os estoques de pescado em um prazo razoável para que o ser humano não se ultrajasse. Num bar conhecido “Fura Calcinha”, beira do rio Preto, comunidade quilombola de Bom Sucesso, município de Mata Roma, um senhor descamisado assava peixes adultos numa grelha como se fossem carnes para churrasco. Os peixes eram da mesma espécie: Tambaqui. O gosto de um tambaqui nem chega aos pes do gosto dos peixes nativos porque é um peixe de cativeiro e alimenta-se a base de ração. Entretanto, a lembrança do sabor proporcionado por um peixe nativo pode ser uma ilusão como tantas outras das quais as pessoas vivem e das quais se esquecem-na passagem de uma geração para outra.
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