O
ato de escrever requer solidão. Claro que nem sempre é possível. Algum curioso
chega e supera as barreiras psicológicas que o escritor construiu. As
barreiras, que levaram anos para serem erguidas pelo artista, em poucos minutos
são transpostas com uma simples pergunta: “O que é isso?”. Ou ele responde com toda a paciência possível
e acaba a conversa naquele instante “é um artigo opinativo...” ou responde “Ah
tu não vais entender” e cria um mal-estar entre quem escreve e quem lê. No
fundo, o escritor vê naquilo que faz um exercício literário o qual pode chegar
a um final ou não. Afinal o que é um final para uma historia que se iniciou com
pouco tempo e dela quase nada se sabe? Quer que a historia se desenrole rápido
para quem sabe chegar a um final glorioso ou quer que a historia se enrole e
paralise o final? Quem garante que o final tão aguardado para o desenrolar da
historia não será um final inesperado ou indesejado? Um final inesperado, tudo
bem, mas um final indesejado não agrada. Terminar de ler um livro significa o
final da historia literária e da história de leitura desse livro? Só se for
para o leitor daquela leitura especifica, pois outros leitores surgirão a
medida que um leitor encerra suas atividades. Um livro ao ser escrito não
pertence a quem escreve e nem tampouco pertence a quem o lê. Escrever e ler são
atos de não pertencer e de não se pertencer. O escritor encontra dificuldades
de responder a pergunta “o que é isso?”, como se fosse simples responder, por
sentir medo de que o ato de escrever realmente lhe pertença.
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