Havia mais de três meses que
não se viam. Só se comunicavam pelo zap. Ele enviava suas crônicas e uma delas
ela adorou. “Adorei a crônica do mercado do Bairro de Fátima, pois me vi
presente”. Ele se movia por ruas e avenidas apinhadas de ausências. A presença
de um rapaz negro adornava a entrada de um comércio de frutas e legumes. Um
domingo insuspeito que se fechava a cada passo dado. Silvana propôs beberem
dentro do mercado do BF para reavivarem a memória. A frente do mercado é daquelas
frentes inigualáveis porque por mais que se busque alguma comparação não se
encontra. O portão do lado direito estava trancado no cadeado. Um feirante
conversava com outro em um dos boxes e
mais nada, nenhum sinal de cerveja ou mais gente. Acreditava que não veria
movimento interno. Que nada, alguns passos a frente e deparava com o portão do
lado esquerdo escancarado e sons alucinantes vindos de algum protótipo de bar
que abrira naquele fim de tarde de um dia de domingo. Ele sentira o movimento e
era o suficiente. Ele e Silvana se mudariam pra lá em instantes. Ela bebia uma
cerveja num bar de reggae a alguns metros de sua casa. “Você emagreceu. Eu não,
fiz foi engordar”, ela lamentou. Ele queria recuperar o dia em que desconfiara
de uns caras que entravam e saiam de um salão nos fundos do mercado. A dona da vendinha, onde bebiam,
informara que se tratava de um jogo de cartas e que não era permitido gente
desconhecida. Ele planejava escrever, quem sabe, um dia, uma historia de um
jogo de cartas a dinheiro.
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