Quantas
páginas foram precisas para iniciar a viagem? Com certeza, só uma página
responde a contento essa pergunta. Entretanto, outras perguntas precisam ser
respondidas antes de iniciar a pagina e a viagem. O dia amanhecera do mesmo jeito
para todos? Em alguns lugares chovera, umas gotas que seja, um chuvisco mais
demorado, nada a comemorar no caso de uma chuva mais intensa. A chuva se
precipitou volumosa em trechos mais longínquos do centro da cidade que ainda
dormia em seus sonhos e sonhava em seu sono. Nesses locais de precipitação demasiada,
as pessoas acordam bastante cedo porque suas rotinas as obrigam a se deslocarem
para trabalharem em regiões opostas a onde residem. A chuva caia grossa nesses
recantos não tanto cobertos de vegetação, sobretudo descobertos pela
precariedade de infraestrutura e pela precariedade de serviços públicos de
qualidade. Para onde essas pessoas se dirigiriam, a chuva se revelou apenas na
molhadura das ruas e de alguns espaços das casas. Caso alguém perguntasse ao do
centro como começara o dia, o perguntado responderia “preguiçoso”. Caso alguém perguntasse
ao da periferia como começara o dia, o perguntado responderia “complicado”. A chuva
atrapalhara o deslocamento das pessoas por alguns quilômetros, na saída de
casa, no aguardar do ônibus, nas ruas esburacadas e encharcadas e nos
engarrafamentos. Não é essa viagem a que nos referimos. Ela ainda não iniciou
como se previa. O motorista não dera partida no carro. A água do café fervia na
chaleira. A padaria só abriria sete horas. Um ou outro dormia no sonho e no
sonho dormia. Quem dormia sonhava com a chuva ou simplesmente sonhava o
esquecimento da chuva? Chovia para onde iriam? A chuva venceria a secura e as
queimadas? No dia seguinte, em São Raimundo das Mangabeiras, Francisco,
presidente do STTR, anunciaria que a chuva estava por vir. Os incrédulos perguntaram
como. Os pequis no chão da Chapada indicavam.
mayron regis
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