Uma palavra
proferida no momento certo diz muito sobre a realidade circundante. É difícil escapar
a sensação de fracasso que assola o cotidiano. Talvez algum feito heroico ou
alguma conquista do dia a dia configurem sucessos. Por pouco tempo. Por pouco é
sempre pouco “Estamos quase sempre otimistas/tudo vai dar quase certo/pois o
ano esta quase acabando/depois de termos quase certeza/.../ por pouco não
trouxemos o penta...” (Por pouco, Mundo Livre). A letra de “Por pouco” estrutura
situações dispersas na memoria coletiva as quais a sociedade brasileira deseja
esquecer porque significam fracassos. As
músicas do Mundo Livre releem a historia e a cultura brasileiras através dos
fracassos sociais que o Estado brasileiro institucionalizou como por exemplo o
samba que a ditadura de Getulio Vargas elegeu maior expressão cultural
brasileira num claro processo de apropriação. Pode-se dizer que o Estado
brasileiro em todas as suas facetas e esferas fracassou em seu projeto de dar
coesão social ao Brasil e fracassou em responder e corresponder as demandas por
politicas publicas da sociedade. O fracasso em não atender questões estruturantes
e estruturais exigidas pela sociedade corresponde ao atendimento de questões
não urgentes do ponto de vista social e econômico. A apropriação da cultura pelo
Estado brasileiro e a reelaboração dessa cultura por grupos econômicos com aval
desse mesmo Estado desvia a atenção da sociedade do que realmente importa para
o que menos importa. Construiu-se uma imagem quase inesgotável que o maranhense
é receptivo solicito e educado. Nenhuma
generalização pretende chegar a verdade. A generalização qualquer que seja é
uma forma de encobrir as verdades desagradáveis que vicejam. Quem nunca escutou
a expressão antiga “ela é pretinha mas é educada”. Ou seja, o preconceito
racial e social enraizado só é refreado pelas boas maneiras e pela boa
educação. Então, como o maranhense é bem
educado dentro de um certo prisma ele deve seguir as boas maneiras e não
receber mal suas visitas mesmo que elas venham com grosserias e com violência. O
que é o avanço das monoculturas sobre as florestas maranhenses se não atos de
grosseria e de violência por parte de setores majoritários economicamente com
aval do governo do estado so que reelaborados através do discurso de olha como
os maranhenses são bonzinhos bem educados e bem dispostos? Os plantadores de soja (família Intronivi e Strobel)
que compõem o conselho da área de proteção ambiental Morros Garapenses ao serem
denunciados pelo desmatamento da Chapada do Brejão em Buriti responderam que
não mereciam tais denúncias porque se sentiam maranhenses.
Mayron Regis
Nenhum comentário:
Postar um comentário