A vida é cheia desses casos. Casos
que levam a nada. As portas compõem um caso a parte em Afonso Cunha. Elas não
são centrais para qualquer analise sobre a realidade do município. Duvida-se
que haja análises sérias sobre o município de Afonso Cunha. Já que é bastante
provável que não haja análises sérias sobre qualquer assunto em Afonso Cunha,
poderia se pensar, então, uma análise dos cotidianos urbano e rural desse
município a partir da observação das portas e das casas. As portas, em Afonso Cunha, “respiram” um ar de
desleixo e de resignação. Elas não respiram, alguém diria. Um dia respiraram,
mas cortaram as árvores de algum lugar e fizeram delas portas. Tudo bem. Contudo,
a frase é apropriada para expressar uma sensação que atravessou a mente após
alguns minutos de observação das casas que se encontravam fechadas no centro de
Afonso Cunha. Aguardava-se o almoço para seis pessoas num restaurante pequeno. Um
restaurante que divide espaço com um posto de combustível que não funciona. Havia
um sétimo componente no grupo. O rapaz da moto largou os demais assim que eles
voltaram da Chapada. Nem esperou pelo
almoço. O Lindomar, diretor do STTR de Afonso Cunha, também não estava muito a
fim de almoçar com a rapaziada. Queria almoçar em casa com a esposa. Aceitou o
convite e comeu carne de sol paga pelo vereador Manim, município de Chapadinha.
Na mesa, a conversa rolou mais
tranquila. Na Chapada, a conversa transcorreu de forma mais tensa,
especialmente, no momento em que entraram na carvoaria da FW Reflorestamento
que queimava as árvores nativas das Chapadas das Veredas e do São Gonçalo. A
reação dos funcionários da carvoaria, depois de responderem algumas perguntas,
foi de aumentar os tons de voz como forma de demonstrarem suas irritações com
aquelas pessoas que apareceram do nada. Todos sentiram um pouco
de medo para não escrever muito medo. Depois, numa conversa rápida na
comunidade de São Pedro, o rapaz admitiu seu medo ainda mais por já ter visto
os funcionários da carvoaria em Afonso Cunha.
Mayron Régis
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