O Programa Territórios Livres do Baixo Parnaíba (Comunidades do Baixo Parnaíba e Fórum Carajás)
domingo, 21 de junho de 2015
Agricultor familiar é ameaçado em Timbiras
Excelentíssimo Senhor Ouvidor Agrário Nacional/MDA/INCRA- Dr Gercino Filho
URGENTE
Encaminho, para conhecimento Vossa Excelência mais uma situação de extrema violência que
ocorre no interior do Maranhão, notadamente no território Campestre, zona rural de Timbiras-Ma,
para que Vossa Excelência as medidas que julgar necessárias:
O camponês Francisco de Souza dos Santos, conhecido como Chiquinho, foi baleado com cinco
tiros nesta tarde desta terça-feira (16). Chiquinho residia no Povoado Canafístula, Território de
Campestre, município de Timbiras, Maranhão. Em decorrência dos tiros, Francisco quebrou o
braço e teve várias escoriações pelo corpo. Ele foi transferido para hospital da região.
Francisco já vinha sofrendo ameaças de morte. 45 minutos antes do atentado, o advogado da
CPT Maranhão, Diogo Cabral, havia recebido pedido para que o trabalhador fosse incluído no
Programa de Proteção a Defensores dos Direitos Humanos.
O Boletim de Ocorrências foi feito e, segundo informações do advogado da CPT, a Secretaria de
Segurança Pública do Maranhão já foi avisada da tentativa de assassinato.
Área em conflito
Nessa mesma área, há pouco mais de um ano, Raimundo Rodrigues da Silva, 42 anos, conhecido
como Brechó, foi baleado e morto. Ele sofreu uma emboscada enquanto passava por uma estrada
vicinal que liga a Comunidade Abundância ao município de Timbiras. Após ser internado em
hospital da cidade, o lavrador foi novamente vítima de outra tentativa de execução. No dia 25 de
fevereiro de 2014, após quatro dias internado em um hospital da região, Brechó não resistiu e
morreu.
O líder camponês foi baleado em decorrência de um conflito de terras que se arrasta há anos na
região. Durante toda a sua vida, Brechó lutou pela libertação do território Campestre, região
grilada pelo latifúndio. Há décadas, o processo de desapropriação tramita sem nenhuma solução
concreta para as mais de 300 famílias que vivem no local.
Em 2013, Brechó já havia sofrido ameaça de morte e uma tentativa de homicídio. Seu nome
constava na relação de ameaçados de morte divulgada pela CPT. Raimundo também já estava
ameaçado de morte por causa da luta pela regularização da Comunidade Campestre.
Na área, há forte atuação de madeireiros, que destroem o Cerrado na localidade, uma das poucas
áreas preservadas da Região dos Cocais. As pessoas envolvidas no conflito contra a comunidade
são criadores de gado, aliados ao latifúndio, que há anos causam prejuízo às famílias do território
Campestre, como a destruição de suas roças e ameaças.
São Luís do Maranhão, 16 de junho de 2015
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