Bacuri magu
O assentamento recebeu o nome de
Bacuri/Magu. A maior parte das pessoas se surpreendeu com a sua criação. O
ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva assinou o decreto de desapropriação em
2010. Neste ano, além da fazenda Bacuri/Magu, localizada nos municípios de São
Bernardo e Araioses, desapropriou-se a fazenda Veredão, em Chapadinha. As duas
desapropriações quase não arranharam o quadro de paralisia geral que se
instalara nas ações do governo federal referentes a reforma agrária no Cerrado
leste maranhense. Os pedidos de vistoria excediam a capacidade
técnico-administrativo do Incra no Maranhão. A inexistência de e a pouca
eficiência das politicas publicas caracterizavam a relação entre o Estado e a
sociedade na região do Baixo Parnaiba maranhense. O Estado abandonou a região a
sua própria sorte. Nada a estranhar. O Estado nunca entendeu o Baixo Parnaiba
maranhense, assim como nunca entendeu outras regiões pobres do Maranhão e do
Brasil. O desentendimento começa ao se interpretar o Baixo Parnaiba como uma
região só e como uma região desprovida de vida produtiva em seu interior. A
vida produtiva de parte do interior do Brasil desinteressa ao Estado brasileiro
e a interpretação do Estado quanto a esse mesmo interior se limita ao que as
oligarquias regionais lhe repassam de informação. O
Cerrado não serve para promover a reforma agrária. Disseminou-se essa afirmação
por muito tempo. Domingos, ex-presidente da associação do povoado São Raimundo,
município de Urbano Santos, no ano de 2005, contestou o laudo do Incra em audiência
publica, realizada no município de Brejo, em que estava presente o então
superintendente Raimundo Monteiro. Ele desafiou o superintendente do Incra a
explicar-se quanto aos motivos que levaram o Incra a considerar a fazenda São
Raimundo inapropriada para a reforma agrária. Segundo Domingos, 50 familias
viviam dos recursos naturais e da agricultura numa área de 1600 hectares, um
dado que se confrontava com as conclusões do laudo agronômico do Incra. O Incra
obedece a critérios que parecem inexpugnáveis para os agricultores familiares e
esses critérios favorecem o latifúndio. A comunidade de São Raimundo se rebelou
contra as conclusões do Incra e o órgão refez o laudo o que possibilitou o
avanço do processo de desapropriação. O processo de desapropriação da fazenda “Bacuri/Magu”
foi menos traumático. Não houve contestações. A área era acompanhada pela Diocese
de Brejo. No caminho que se percorre, passa-se antes por
Cana Brava para, logo em seguida, deparar-se com as Araras e com o Buriti
Redondo, povoados que fazem parte do assentamento. O que os antigos
proprietários projetavam para essa área de 3.600 hectares? Experimentou-se a
soja na região e ela não tem dado muito retorno. Com o desacerto da soja, o
eucalipto aparece como possibilidade econômica e social, na qual grupos
politicos financiariam seus projetos particulares.
Mayron Régis
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