23 de abril de 2013
Por Reynaldo Costa
Da Página do MST
O que
era para ser uma audiência que discutisse a regularização de terras da
União para trabalhadores rurais Sem Terra, no Maranhão, se transformou
num palco de ameaças e de intimidações aos acampados da área Cipó
Cortado, em Senador La Roque.
Os grileiros buscavam, desde
Brasília, despejar os trabalhadores que há mais de sete anos moram e
trabalham na terra, reivindicada pelos Sem Terra por ser considerada
grilada.
Das articulações na capital federal, os grileiros
conseguiram convocar uma reunião na última quinta-feira (18), na unidade
do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) de
Imperatriz Maranhão.
A surpresa foi a presença de cerca de 20
fazendeiros que, entre a presença do Ouvidor Agrário Gercino da Silva
Filho e do Delegado Agrário, Rubem Sergio, tentaram tumultuar a reunião e
ameaçaram invadir o acampamento dos Sem Terra por meio da força bruta.
Gilvânia
Ferreira, da coordenação do MST, relata que os fazendeiros, articulados
por Francisco Élson de Oliveira - que se diz dono da Fazenda Cipó
Cortado -, fizeram uma intimação ao Ouvidor Agrário para a retirada das
famílias. Caso contrário, eles fariam ao seu modo.
“Ao invés de
discutir os conflitos agrários da região Tocantina, a desapropriação de
áreas e a regularização de cerca de nove mil hectares de terras griladas
da União, o ouvidor agrário apenas ouviu os grileiros e queria mediar a
saída dos trabalhadores da área, dando lugar para os fazendeiros
invadir mais uma vez as terras públicas que pertencem a União”, denuncia
Gilvânia.
Na reunião estavam presentes José Inácio Rodrigues,
superintendente do Incra no Maranhão, representantes do Programa Terra
Legal, o Delegado Agrário do Maranhão Rubem Sergio e o Ouvidor Agrário
Nacional e Desembargador Gercino da Silva Filho, além de representantes
de movimentos camponeses.
PM e fazendeiros
Um
dia antes da reunião, o Grupo de Operações Especiais da Policia Militar
(GOE) realizou uma “batida policial” no Acampamento Cipó Cortado.
Segundo o comando da PM, eles tinham um mandado de busca e apreensão,
embora nenhum documento tenha sido apresentado.
Os Sem Terra denunciaram que junto com os PMs tinham também jagunços e capangas dos fazendeiros da região.
Nas
áreas reivindicadas pelos trabalhadores, há dois acampamentos do MST e
um do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTR) de
Senado La Roque.
Os acampamentos do MST já receberam 13 mandados de
reintegração de posse, mas não foram cumpridos justamente pela terra
pertencer a União.
Famílias ameaçadas
Um
dos papeis da Ouvidoria Agrária é mediar os conflitos, buscando
construir uma justa resolução para os problemas. No entanto, para
Gilvania, o Ouvidor Agrário teve mais uma vez a oportunidade de ter
conhecimento, por meio dos agentes do Terra Legal, que a terra em
disputa é da União. Mas não houve nenhum posicionamento de Gercino sobre
o assunto.
“Se a terra é da União, como apresenta o Terra
Legal, não há mais o que se discutir com fazendeiro. Teria apenas que
saber se eles vão ter indenização pelas benfeitorias ou se serão
multados por usar um bem público”, observa Gilvania.
No dia 9 de
maio será realizada em Brasília mais uma reunião para resolver o impasse
sobre a regularização das terras reivindicadas pelos camponeses.
Entretanto,
as famílias Sem Terra estão preocupadas com a possibilidade de um novo
ataque dos fazendeiros, já que eles deram o prazo de saída até a próxima
quinta-feira (25).
Os acampados já decidiram que não irão sair
da área, e afirmam que a Cipó Cortado não é um simples acampamento, é
uma comunidade onde as pessoas moram,trabalham e produzem o sustento de
suas famílias.
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