Sem petróleo, sem minério e sem crédito, o bilionário brasileiro já
fica a ver navios. Consta que ele e seu novo parceiro, André Esteves, do
BTG Pactual, pediram socorro à presidente Dilma Rousseff e receberam um
rotundo não como resposta. Com dívidas bilionárias, o "império X"
começa a ser rebaixado por agências de risco e contamina projetos de
outras empresas brasileiras que tentam captar recursos internacionais
4 DE ABRIL DE 2013 ÀS 08:00
247 - Um dos principais problemas da economia brasileira, e, por
tabela, do governo Dilma Rousseff, hoje tem nome e sobrenome. Chama-se
Eike Batista, rebaixado ontem pela agência de risco Standard & Poors
para o nível B-, com perspectiva negativa, equivalente ao de um
pré-calote. Eike prometia petróleo e entregou poços secos aos seus
investidores. Prometia uma nova Vale e entregou morros inoperantes.
Prometia o maior complexo industrial e portuário da América Latina e no
seu porto do Açu há apenas um pier construído. Prometeu um grande
estaleiro e, na prática, é ele quem começa a ficar a ver navios.
Aparentemente, este seria um problema de natureza apenas privada.
Ocorre que Eike hoje deve mais de R$ 10 bilhões ao BNDES e outros
bilhões a bancos como Itaú, BTG Pactual e Bradesco. Sua quebra poderia
desencadear um risco de natureza sistêmica. No seu relatório, a Standard
& Poors avisa que, se nada for feito, a OGX, principal empresa de
Eike, queimará todo o seu caixa em 2013. Ou seja: não terá mais fôlego
para rodar. E os bancos não parecem mais dispostos a colocar dinheiro
nos projetos do empresário.
Como o risco é real, o bilionário e seu novo parceiro, o banqueiro
André Esteves, do BTG Pactual, decidiram pedir a ajuda, é claro, ao
governo federal. Receberam da presidente Dilma um rotundo não como
resposta, como informa a jornalista Dora Kramer, na nota publicada nesta
quinta-feira no Estado de S. Paulo:
Nem pensar. A presidente Dilma Rousseff ouviu, e negou socorro do
governo ao empresário Eike Batista. Da reunião-apelo participaram
representantes do BNDES, Itaú, Bradesco, BGT-Pactual e o próprio Eike,
em dificuldades para honrar as dívidas com todos eles.
Dilma ainda alertou que se algo de pior vier a acontecer aos negócios
do empresário símbolo (pelo jeito com pés de barro) da prosperidade
nacional, isso afetará ainda mais a disposição interna e externa do
setor privado para investir no Brasil.
Dilma tirou o time de campo e avisou a Eike e Esteves que eles devem
se virar por conta própria, o que fará com que o bilionário comece a
liquidar seus ativos e suas concessões. Até porque um envolvimento ainda
maior do governo tem potencial para gerar grande confusão.
Recentemente, o embaixador brasileiro em Cingapura disse ter sido
pressionado pelo ministro Fernando Pimentel, do Desenvolvimento, a
transferir um estaleiro do grupo Jurong, já em construção no Espírito
Santo, para o Rio de Janeiro.
Ciente dos riscos, o governo Dilma parece querer distância de Eike,
mas o problema é que a má experiência de investidores com o grupo EBX
ameaça projetos de outras empresas. "O investidor simplesmente cansou de
ser roubado", disse ao 247 um diretor de um grande banco de
investimentos. Outro empresário, que pretendia captar recursos para
projetos de infraestrutura, disse que a janela do mercado internacional
se fechou. "Eike conseguiu contaminar o Brasil", afirma.
Leia, abaixo, um trecho de reportagem do Valor Econômico sobre o rebaixamento de Eike:
SÃO PAULO - A Standard & Poor's rebaixou a nota de crédito da OGX
de 'B' para 'B-', devido a preocupações com a maturação dos projetos da
companhia e de seu perfil de liquidez restrito. A perspectiva é
negativa, o que indica que a agência de classificação de risco vê
possibilidade de novos rebaixamentos no médio prazo.
"Apesar de a companhia não ter vencimentos de dívida significativos
até 2018, esperamos que ela queime todo seu caixa durante 2013",
afirmaram os analistas da S&P em nota. Ao fim do ano, a OGX tinha
US$ 1,6 bilhão em caixa, valor que, na avaliação da agência, deve ser
consumido em investimentos e pagamento de juros.
Com isso, alerta a S&P, a OGX precisará exercer o aumento de
capital de US$ 1 bilhão mediante exercício de opção de compra do
controlador Eike Batista, ou vender alguns ativos para reduzir a pressão
sobre o caixa no próximo ano e manter seu nível atual de investimentos.
"Não esperamos que a produção gere um fluxo de caixa operacional
suficiente para continuar financiando os projetos e o pagamento de
juros", afirmam.
http://www.brasil247.com/
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