Somos militantes dos movimentos sociais, mobilizados em defesa dos direitos humanos e do Meio Ambiente.
Somos quilombolas, quebradeiras de coco da Estrada do Arroz, pescadores
atingidos pela hidroelétrica de Estreito, trabalhadores e trabalhadoras
sem terra e sem direitos. Somos comunidades impactadas pelos grandes
projetos e sua violência socioambiental, que ainda os órgãos ambientais
não conseguiram enfrentar com firmeza e eficácia.
Denunciamos
os grandes projetos econômicos instalados no estado do Maranhão, a
exemplo da duplicação da Estrada de Ferro Carajás (EFC) e da expansão
desenfreada do monocultivo de Eucalipto pela empresa Suzano. Esses
projetos têm subvertido os ciclos vitais da natureza, privatizando e
mercantilizando os bens naturais e minerais, provocando degradação
social e ambiental com conseqüências gravíssimas para toda população.
Vimos de Açailândia, Vila Nova dos Martírios, São Pedro d’Água Branca,
Bom Jesus das Selvas, Buriticupu, Itapecuru, S. Rita, Miranda do Norte,
São Luís.
Vários de nós seguirão caminho até a Cúpula dos Povos, em
ocasião da Conferência Internacional da ONU “Rio+20”, levando o grito e
as reivindicações do Maranhão e reafirmando a luta dos povos por
“justiça ambiental e social, contra a mercantilização da vida e em
defesa dos Bens comuns”.
Hoje estamos aqui, em Imperatriz,
denunciando esses conflitos socioambientais, à espera de respostas por
parte do Ministério Público Federal, do IBAMA e do INCRA.
Estamos preocupados pela maneira como estão sendo licenciadas as obras
de duplicação da EFC: empreendimento de grande envergadura, de altíssimo
investimento (mais de 8 bilhões de reais) e com um enorme potencial de
impacto sobre o meio ambiente e sobre mais de 100 povoados localizados
às suas margens.
Já nossas comunidades interpelaram oficialmente
IBAMA e MPF sobre os conflitos existentes e as graves ameaças que elas
sofrem, mas a resposta é insatisfatória. O processo de licenciamento
está se desenvolvendo às escondidas, entre Vale e IBAMA, sem EIA-RIMA e
sem audiências públicas normatizadas por resoluções do CONAMA.
O
monocultivo de eucalipto em nossas regiões expulsa os trabalhadores do
campo, favorece ainda o trabalho escravo ou jornadas desumanas de
trabalho, pago por produção.
Em nossos assentamentos instalaram-se
canteiros de obras da Vale, criando conflitos com o ritmo de vida
cotidiano das comunidades, prometendo trabalho que se revelou instável e
para poucos.
A compra-venda de terras entre Vale e Suzano está
expulsando da terra inteiras famílias e, nessa precariedade, as
comunidades quebradeiras de coco ainda não conseguem garantir sua
segurança alimentar.
Nossas populações quilombolas foram
desrespeitadas pela Vale e precisou uma Ação Civil Pública para que a
empresa reconhecesse suas violações.
Os povos indígenas, pescadores,
ribeirinhos, assentados, e toda a população da região tocantina ainda
sofrem os impactos da usina Hidrelétrica de Estreito.
Levaremos à
Cúpula dos Povos o nosso protesto. Queremos que os órgãos ambientais e
as instituições de garantia dos direitos difusos assumam a voz dos
atingidos e não cedam às pressões das empresas e do poder político, que
prometem desenvolvimento e distribuem prejuízos.
Reivindicamos:
• Imediata Suspensão do processo de licenciamento ambiental da
duplicação da Estrada de Ferro Carajás e a não concessão de nenhuma nova
licença até que o processo enfim se regularize;
• Divulgação do
estudo de impacto e das medidas mitigadoras e compensatórias previstas,
de maneira compreensível a todas as mais de 100 comunidades diretamente
impactadas por esse grande empreendimento;
• Realização de
regulares audiências públicas nos municípios atingidos por esse
empreendimento e o cancelamento das 04 “reuniões públicas” pelas quais
Vale e IBAMA querem resolver superficialmente as dúvidas e insatisfações
das mais de 100 comunidades diretamente impactadas;
• Realização de
consulta às comunidades tradicionais (indígenas e quilombolas)
impactadas, a fim de averiguar sobre seu consentimento prévio, livre e
informado a respeito das obras, seguindo os parâmetros da Convenção 169
da OIT, que o Estado brasileiro se obrigou a cumprir;
• Intervenção
do INCRA para monitorar e coibir a ação das empresas nos territórios de
assentamento rural, como a invasão do eucalipto ou a instalação de
canteiros de obras, entre outras formas de impacto.
Imperatriz (MA), 14 de junho de 2012
Convidamos para ato público quinta-feira, dia 14 de junho em Imperatriz.
10 h: manifestação em frente ao IBAMA
11 h: reunião pública com MPF, IBAMA e INCRA
12 h: encerramento do ato na praça de Fátima
Se tivessem trabalhando, quem sabe já teriam resolvidos seus problemas..
ResponderExcluirMas, enquanto tiver alguém pra colocar a culpa de suas próprias mazelas, de suas próprias incompetências, enquanto tiver alguém pra chamá-los de coitadinhos, vai ser assim..
É lamentável, mas é o Brasil..
Quem trabalha e produz é sempre o bandido da história.. Sempre, sempre e sempre, o sucesso dele, vai ser uma opressão pra algum incompetente.. Sempre, sempre, sempre o desenvolvimento dele, vai ser uma afronta para uns desprovidos de capacidade..
É TRISTE VER MEU PAÍS ASSIM, DE UM LADO POLÍTICOS CORRUPTOS, DO OUTRO UM POVO NÃO MENOS CORRUPTOS, VIVENDO DO TRABALHO ALHEIO.
Como uma contribuição COMPARTILHEI a Carta em meu blogue: www.ritalunamoraes.blogspot.com
ResponderExcluirSigam em frente !
Minha solidariedade !