O Programa Territórios Livres do Baixo Parnaíba (Comunidades do Baixo Parnaíba e Fórum Carajás)
terça-feira, 3 de abril de 2012
A Justificativa da Suzano Papel não convence
Um leitor mais atento da nota que a Suzano Papel e Celulose espalhou aos quatro cantos sobre a decisão da justiça federal que suspendeu o licenciamento ambiental de seus plantios de eucaliptos no Baixo Parnaiba maranhense, com fins de produção para pellets que se destinariam a Europa, indagar-se-ia sobre os reais motivos que levaram a empresa a escolher a autojustificativa como desfecho para sua argumentação.
A Suzano ao rumar em direção a autojustificativa embrenha-se por um terreno perigoso. Ao se justificar com frases ou com ideias que evocam a si própria, a empresa atesta a sua inépcia quando as coisas fogem do seu e do controle dos seus aliados locais e regionais. Esse trecho da nota agora reproduzido prima pelo fastio diante da problemática que envolve a liminar da justiça federal: “A Companhia reforça sua convicção de que agiu e continuará agindo de forma absolutamente adequada, baseada na prática vigente no Brasil, onde os licenciamentos ambientais são realizados pelo Estado”. Quer dizer, ela reforça sua convicção do “certo” a partir da ação destruidora do meio ambiente que motivou o pedido de liminar do ministério público federal. Só a falta de tato desse trecho já responde o quanto a Suzano se mortificou e mortifica-se nesse tempo todo por conta de denúncias avocadas pelas comunidades do Baixo Parnaiba maranhense e pelas organizações da sociedade civil.
O efeito surpresa da liminar fez com que parte do mundo da Suzano Papel e Celulose caísse, só faltou Maysa cantar, e a nota reflete bem esse aparvalhamento por parte da direção da empresa. Em vez de “reforçar a convicção...”, a nota poderia apenas ressaltar que cumpre a legislação ambiental como todos fazem em seus respectivos projetos e que caberia ao órgão ambiental do estado do Maranhão a sua fiscalização.
Como não há notificação por parte da Sema então pressupor-se-ia que tudo corre dentro dos conformes da lei. Bem, pelo jeito a Suzano se apressou mais por conta do mercado e dos seus possíveis financiadores para o projeto da fábrica de pellets no Baixo Parnaiba maranhense e para que não respingasse nada de “venenoso” sobre o projeto de celulose em Imperatriz do que por conta da sociedade de maneira geral. Os veículos de comunicação alçaram a nota da Suzano a condição de celebridade pública do tipo “com muita dignidade a empresa responde as acusações de crime ambiental”.
Para a parte debaixo da Suzano Papel e Celulose, digamos os trabalhadores qualificados e não qualificados que ganham salário minimo, pode parecer inacreditável que a empresa cometa crimes visto que ela amealha prêmios de toda ordem, mas em várias dessas situações a indústria de reflorestamento patrocina esses prêmios como se fosse uma festa e como é festa, rapidamente, as pessoas se esbaldam e, daí em diante, a verdadeira faceta da empresa comparece para que não seja relegada ao esquecimento.
Mayron Régis
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