O Programa Territórios Livres do Baixo Parnaíba (Comunidades do Baixo Parnaíba e Fórum Carajás)
quinta-feira, 26 de janeiro de 2023
praias de sao luis
Morar nas praias de São Luís mais cedo ou mais tarde trará problemas. Uma imensidão de casas e prédios erguidos ou por erguer ( quem não enxerga?) nas praias e nos corredores de tráfego que as interligam necessitam de algo que os mantenham. E uma casa a dúzia delas ou um milhar só se mantém através da água. Pergunte a quem quiser se e fácil morar na praia. Quanto mais prédios e quanto mais casas forem construídos mais água será necessária e indispensável para tudo numa região caracterizada por pouca água potável disponível no subsolo. E quanto mais água e necessária e indispensável mais ela e puxada do subsolo inviabilizando o lençol freático.
camarao
Que o senso comum vigorou por muito tempo e insiste em vigorar. Que viver a beira da praia e para poucos sortudos. Que comer bem e comer camarão. Que zona rural e igual em qualquer lugar. Um jogo de futebol um show de pagode e uma rodada de cerveja divertem os mais exigentes. Que o brasileiro (homem) nasce sabendo jogar bola e que brasileiro (homem e mulher) nasce sambando. O senso comum e a média e o brasileiro gosta de uma média. O mito do homem cordial desenvolvido por Sérgio Buarque de Holanda. O que se esconde por detrás do mito ? Um senso comum atualizado revela que fotos tiradas em lugares bem diferentes revelam o quanto a pessoa e viajada e que viveu momentos felizes. Nada mais próximo do senso comum achar que fotos revelam a verdade recondita de quem as tirou. A verdade difere e muito do que aparece no dia a dia. A verdade e que não se nasce sabendo futebol e nem samba e que quanto mais o tempo passa menos se saberá. Que se come camarão ou outro prato nós restaurantes chiques das praias num domingo para que no restante do mês se coma o que tiver pela frente. O que se vê pela frente? Ou o que se vê através do mito de um estado rico em recursos naturais atraente para estrangeiros? Que se divertir pode ser mais interessante que futebol cerveja ou pagode só que diversão para a maioria das pessoas preferem ficar em casa assistir novela jantar as sobras do almoço e dormir cedo.
bairro de fatima
Silvana as pessoas aqui no Bairro de Fátima ainda catam consomem e comercializam caranguejos?""Catar comer e comercializar o que se estão desmatando e destruindo tudo pela frente. Agora mesmo estão construindo casas dentro do rio das Bicas atrás do Parque dos Nobres. Desse jeito não se resolve o problema das enchentes no Bairro de Fátima Coroado e Coroadinho". Quer dizer a destruição dos manguezais e do rio das Bicas tanto agrava a perda da biodiversidade (caranguejo siri sururu peixe e etc) como agrava a situação dos alagamentos nos bairros. "engraçado eu lembro de descer da Redenção em direção ao Coroado a fim de catar caranguejo na lama mas não lembro das palafitas", comentou Silvana. O apagamento da memória e tanto um resultado do envelhecimento como também um resultado da apropriação dos recursos naturais por parte do ser humano.
cedral
Escrever história e destacar a importância dos pequenos eventos perante os grandes. A história da baixada ocidental se compor de uma sequência de pequenos eventos histórico sociais que rapidamente são esquecidos e que não formam um quadro razoável do todo. Uma das razões dessa incompletude e que a natureza se mostra imponente. Quilômetros e quilômetros de praias em Cedral e pouca gente a princípio. A natureza segue intocável e a presença humana segue o rastro de outras presenças extintas. Pouco mudou da época do escritor Sousandrade final do século XIX e comeco do século XIX nascido em Mirinzal. Os portos nos quais Sousandrade embarcou ou desembarcou desapareceram ou permaneceram vilas de pescadores flutuantes a beira dos manguezais. Os pescadores prenderam suas existências ao ir e vir da maré, das conversas entre cortadas de amigos e dos beijos e abraços nos filhos e na esposa esperançosos do que a pescaria traz. A obra de Sousandrade revela a desesperança presente nessa vida marítima e praiana com muitos pescadores e nenhum leitor para quem possa narrar o que escreve.
sousandrade
Sousandrade nasceu em Alcântara Guimarães ou Mirinzal ? Mirinzal que um dia foi Guimarães e Guimarães que um dia foi Alcântara, então qualquer documento em que figure o nome de Sousandrade deve fazer menção a uma data e a um ano em que a baixada ocidental maranhense se fechava toda em torno de Alcântara e de seu nome. Pelas pesquisas que professores e outros interessados fizeram na internet, Sousandrade nasceu numa fazenda em Guimarães no século XIX. Pela pesquisa feita nas ruas de Mirinzal, Sousandrade nasceu nessa cidade ou se não nasceu o povo de Mirinzal sente como se o escritor fosse de lá pois o farol da educação recebeu o seu nome e o portal da cidade estampa assim para dispensar comentários : "Mirinzal terra de Sousandrade". Por falar em farol da educação, por que não escrever a única política pública expressiva de preservação e conservação de livros do estado do Maranhão e que se encontra abandonada? Você se dá conta que o estado pouco ou nada avançou nos últimos anos nessa política pública específica.
escrever
Erra se muito ao escrever. Deus escreve certo por linhas tortas. Deus não é escritor. Tem que escreva por ele. Como o escritor sabe o que Deus quer? No livro "Largo do Desterro", de Josué Montello, personagem Major Taboa decidi viajar pelo rio Itapecuru em direção a Caxias, cidade onde pensa em reencontrar um antigo amor e conhecer uma possível filha. Chegando a Caxias, sai a cata de conhecidos. Bate a casa do padre e lhe pede informações. O padre convoca a senhora que trabalha na cozinha e esta ao ser inquirida responde que as pessoas ou morreram ou se mudaram. Por fim, o padre lhe pergunta: " o que o senhor veio fazer aqui mesmo?". A ficha caira para o padre. A viagem daquele senhor não fazia o menor sentido do ponto de vista emocional e histórico. Mesmo na literatura, tudo tem seu tempo certo. E o personagem Major Taboa não se dera conta disso ao viajar rumo a Caxias. Essa falta de noção do personagem com relação ao tempo pode ser vista de outra forma com relação ao autor. Josué Montello escreve um livro em que a cidade de Caxias e parte importante da narrativa. Não se diria crucial. E em nenhum momento cita Gonçalves Dias nascido na cidade. Uma falta de noção literária. Como explicar essa omissao? A omissão de Josué Montello se complementa a omissão das elites maranhenses. Para elas tanto faz lembrar ou esquecer quem foi Gonçalves Dias.
juçara
Quem toma juçara deve saber que ela só aceita poucos acompanhamentos. Farinha seca farinha dagua açúcar carne seca peixe seco e por aí vai. Se não sabe procure saber porque essa é uma informação preciosa capaz de evitar intoxicação alimentar. Como dizem, juçara e quase um almoço. Um almoço que a tarde vira uma merenda e a noite vira um jantar. Por décadas, tomava se juçara em casa ou alguma festa numa tigela copo xícara. Onde coubesse a juçara a farinha e o açúcar tava de bom tamanho. Originalmente, um hábito de famílias pobres que colhiam os frutos subindo na jucareira e amassavam para tirar o suco ou compravam em vendas simples construídas em mercados ou feiras. Quanto mais a floresta Amazônica fica pra trás menos juçara tem. Não se sabe o tempo que faz, mas o município de Chapadinha e atendido por uma franquia que vende produtos a partir da juçara e nesse caso pouco importa o acompanhamento. Granola, leite condensado e o escambau. Os paraenses chamam isso de heresia. Paraenses chamarem algo de heresia e quase uma piada. E o povo mais herético do Brasil. Chapadinha e um município predominante de Cerrado com algumas manchas de floresta Amazônica da qual faz parte o ambiente da Juçara os brejos e os alagados. A produção de juçara no município e incapaz de fornecer o suficiente para esse tipo de empreendimento portanto a manufatura vem de outras regiões. A quantidade expressiva de fregueses na Acaiteria a noite comprovaria que os chapadinhenses há muito tempo ou abandonaram o hábito de tomar juçara em casa ou se encantaram com a ideia de tomar juçara em um ambiente consumista. Entre hábitos tradicionais e modernos a sociedade consome um produto com a cara da Amazônia com uma cobertura industrial. contudo, as referências da juçara não são apenas geográficas. As referências também são histórico sociais. Histórias de pobreza humilhações e fartura. O consumo como qualquer ato humano e contraditório.