Seu Mayron marque na sua agenda o dia 13 de dezembro de 2018. eu comemoro esse dia não porque seja meu aniversário e sim porque ressucitei. Quase fui. Perdi uma perna. Eu quis convida lo para prestigicar essa data no ano passado mas o senhor veio tres dias antes naquela vez em que fomos a Matinha dos Helenose por isso deduzi que não retornaria a Buriti só para me honrar com sua presença. O Vicente de Paula e a Carlinha, sua neta, honraram-me com as suas presenças. Eu e ele demos conta da cerveja e comemos uma carne de porco. Arrume uns pintos para que eu crie e almoçaremos galinha caipira no final de 2018. Caso não arrume, tudo bem, comeremos peixe dos meus tanques a beira do rio Preto. E claro que eu aceito os caprinos que o senhor me ofereceu, mas so devo busca los a mão do Vicente daqui a no maximo vinte dias. até lá me ocuparei dos meus tanques de peixe e com essa perna mecanica fica cansativo me movimentar
O Programa Territórios Livres do Baixo Parnaíba (Comunidades do Baixo Parnaíba e Fórum Carajás)
segunda-feira, 15 de janeiro de 2018
segunda-feira, 8 de janeiro de 2018
Publicado relatório de identificação do território quilombola Depósito no Maranhão
Publicado dia 29/12/2017
A Superintendência Regional do Incra no Maranhão finalizou o Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID) da comunidade quilombola Depósito, localizada no município de Brejo (MA). O edital de comunicação do relatório foi publicado no Diário Oficial da União, de 28 e 29 de dezembro.
O documento delimita uma área de aproximadamente 726 hectares, declarada como território de comunidade remanescente de quilombo, que deverá ser regularizada pela autarquia em benefício de 13 famílias.
De acordo com o edital, todos os proprietários, posseiros, lindeiros e terceiros interessados na área devem consultar o relatório e apresentar defesa. O próximo passo será a notificação dos interessados não quilombolas e outros órgãos públicos, que terão prazo de 90 dias para contestar o RTID.
O relatório da comunidade Depósito é composto por relatório antropológico de caracterização histórica, econômica, ambiental e sociocultural do grupo; levantamento fundiário com a certidão de registro atualizada de imóveis identificados no perímetro da área pleiteada; planta e memorial descritivo do perímetro da área identificada e delimitada; cadastro das famílias; e parecer conclusivo do grupo de trabalho manifestando-se favorável ao reconhecimento do território.
Este foi o quinto RTID publicado pela Incra no Maranhão em 2017. Também foram publicados os relatórios das comunidades Santana e São Patrício, no município de Itapecuru (130 famílias); Estiva dos Cotós, em Cachoeira Grande (133 famílias); Jacareí dos Pretos,em Icatu (51 famílias) e Barro Vermelho, em Vargem Grande (26 famílias).
O superintendente regional do Incra no estado, George de Melo Aragão, enfatizou que a elaboração do RTID é uma atividade complexa, demorada e que depende de pessoal qualificado e recursos orçamentários para sua contratação. “Em 2018 vamos buscar mais recursos para garantir o andamento das ações de regularização de territórios quilombolas no Maranhão”, disse.
O processo da comunidade quilombola Depósito pode ser consultado na sede da Superintendência Regional do Incra no Maranhão, situada na Avenida Santos Dumont, nº 18, bairro Anil, em São Luís, de segunda à sexta-feira, no horário das 8h às 12h e das 14h às 18h. Mais informações pelo telefone (98) 3838-7450.
a aparição do grupo joão santos em buriti
Previa-se o almoço para antes do
meio-dia. A propriedade do Vicente de Paula sobre a chapada do povoado
Carrancas acolhia moradores do Brejao, do Baixão, das Areias e do Araça. O seu Ferreira, do Brejão, montava num moto
guiada pelo seu filho recém-egresso do Mato Grosso. O Baixão, onde construira sua casa, tomava-lhe
bastante tempo e energia física. Recebera quatro caprinos, através de um
projeto financiado pela Cese e administrado pela Amib. Ele iniciou o trabalho
de cercar uma área com quatro bolas de arame e estacas de madeira da Chapada. Principalmente,
candeia. Um projeto pequeno em volume de recurso, mas bastante útil para
garantir a posse de sua terra. O seu Ferreira sofre pressão por parte da família
introvini que quer força-lo a aceitar um acordo no qual ele e sua família se
mudarão para outro povoado bem longe do Brejão. Outras famílias aceitaram o
acordo. Só o Ferreira e uns parentes seus não aceitaram.
A família Introvini alega que a fazenda
do Brejão lhe pertence e que pretende desmatar a Chapada a fim de plantar soja.
Ela assinou um contrato com o grupo João Santos o antigo proprietário. Não se
sabe o teor exato desse contrato. Imagina-se que o grupo João Santos repassou
mais de dois mil hectares aos Introvini e que estes pagarão o repasse com as
sucessivas safras que obtiverem. Concluiu-se dessa forma porque nas matriculas
da terra disponilizadas pelo cartório de Buriti no começo de 2017 ainda consta
o nome do grupo joão Santos como proprietário.
A matricula é a certidão de
nascimento e a carteira de identidade de uma terra. A partir dessa lógica, constata-se
que o histórico de compra e venda da fazenda Brejão se inicia nos anos 80 com a
aparição do grupo João Santos. Nesse histórico só comparecem empresas do grupo
João Santos. Quer dizer uma empresa do grupo vendeu para outra do mesmo grupo e
por ai vai. Até onde se sabe a empresa não chegou a Buriti com as terras da
Chapada do Brejão em suas mãos ou chegou? Nessa década ninguém era obrigado a
comprovar a real propriedade de uma terra. Bastava um documento de compra e
venda com algumas testemunhas e pronto.
mayron régis
Lendo para entender a chapada de forma diferente
O caminheiro depois de
muitos dias de viagem pelo leste parava numa humilde choça das paredes de taipa
e coberta de palha de babaçú. Se hospedaria ali naquela tijupá para repousar a
noite e mais tarde seguir adiante, pois seu dia tinha sido bastante cansativo,
percorrera toda aquela densa região de conflitos, acumulando o aprendizado. Era
um herói? Talvez, com modéstia – esperava algumas mudanças e reformas que favorecessem
os menos favorecidos e desprovidos de direitos. Este é um ofício que escolhera
na esperança de novos tempos para colher bons frutos no futuro. Ao se abancar,
perguntaria aos anfitriões do lar sobre a questão da terra – a conversa
começaria antes do jantar que fora oferecido, pois jamais se dispensaria uma
tradicional Iguaria de “galinha caipira com arroz de pequi” a pesar de tudo
estava na chapada. A janta saiu com perfeição à luz de lamparina. Satisfeito!
Em seguida surgia uma provocação que envolveria a situação fundiária do lugar.
Poucos discutem sobre esse assunto que decerto é polêmico desde tempos bem
remotos na história das civilizações; respeitava-se o momento – deixando-os à
vontade. Mas as respostas supriam as indagações e a “prosa” prosseguira até o
fim. O Viajante tirava de seu alforje alguns livros, textos, revistas e jornais
velhos – veículos estes que alimentariam o gosto pela leitura e daria uma
injeção de ânimo na luta pela posse da terra. Presenteava-os com carinho;
recusaram de início, pois não sabiam ler nem escrever – descobrira então,
óbvio! Mas respeitosamente aceitaram os presentes e os guardaram num baú
seguro, pois dali tiveram a curiosidade de aprender a ler em uma demorada
relação com as palavras e com a gramática. Só assim demonstrariam força
intelectual e social para destrinchar os processos burocráticos no que diz
respeito a defesa do seu território. Não conheciam o mundo das letras – e nunca
leram nada – muito menos pisaram na escola; mas sabiam de cada pé de árvore da
chapada – mostravam seus saberes e técnicas no extrativismo repassados de pai
para filhos – curavam-se com remédios tirado das plantas medicinais – seus pais
lhe ensinaram; não se perderiam nas veredas nem de dia, nem de noite, a energia
era a luz da lua e das estrelas. Caçavam, pescavam, lavravam o chão e criavam
pequenos animais para a alimentação e reprodução da família, o que detinham de
mais valioso era toda aquela terra. Soletravam “lendo para entender a
chapada de forma diferente”, coisas que a escola não ensina, adquiriram o
diploma com o tempo. A existência e a convivência ensinaram essa nobre
literatura onde uma minoria dar valor. Escreve-se para quem disponibiliza um
tempinho pra ler. Conversavam ao seu modo com a natureza numa comunhão e
comunicação com o espaço em que vivem. Sabiam a hora pelo sol e o tempo de
plantar e jogar a semente no período certo através do clima. Viviam Isolados do
mundo civilizado e conectados com o meio ambiente. A cartilha era a própria
terra, as folhas, os ventos, a enxada, o jacá e as chuvas de inverno.
Formaram-se em todas as ciências, receberam prêmios valiosos e repassaram isso
para as futuras gerações. Tiveram como mestres o tempo e a paciência que lhes
ensinaram a mais bela das lições de vida.
José Antonio Basto
e-mail:
bastosandero65@gmail.com