Inesperadamente, eu ganhei uma carona de 310 km, entre Teresina e
Oeiras. Ou seja, da atual capital do Piauí para a primeira e ex-capital
estadual, no início do século XVIII. A distância de 310 km equivale a
cruzar a Bélgica, do litoral até Arlon. Aqui eles estão acostumados com
tais distâncias. A Caritas Católica Piauí está realizando uma avaliação
de um projeto relacionado com a seca extrema dos últimos anos no
Semiárido. Então, é preciso ir até lá, mesmo que você tenha de viajar
quase cinco horas.
“Euh”[1], eucalipto
A viagem nos leva por um planalto e... vejam: pela primeira vez, uma lavoura de soja cruza o meu caminho no Piauí. Nós percorremos um trecho especialmente longo por uma monocultura de eucalipto, na Chapada Grande. As áreas planas no planalto são muito cobiçadas pelos “sulistas” (descendentes de imigrantes europeus da Região Sul do Brasil). Eles querem, finalmente, levar para o Piauí o desenvolvimento que o estado merece: soja e eucalipto.
De repente, cai a ficha: eles trazem o “Evangelho do Eucalipto”. A palavra evangelho vem do grego eu-angèlion: a boa nova. Na palavra eucalipto também há a sílaba “eu”. Não sei se vem do “eu” grego, mas veio bem a calhar. Os fazendeiros e as empresas trazem a “boa nova”: finalmente vocês vão encontrar trabalho e chegar ao desenvolvimento que os levará ao promissor século XXI.
Euh, desemprego
Porém, a realidade é um pouco diferente da “boa nova” dos sulistas. Nos imensos reflorestamentos uniformes, nem cobra aguenta ficar por lá (1). A vegetação original diversificada foi convertida em carvão e é transportada para os altos-fornos de Belo Horizonte (Minas Gerais) e São Luís (Maranhão). É incompreensível quando se sabe que o Cerrado, neste planalto, é vital para o Piauí. Se considerarmos a Amazônia como o pulmão do planeta Terra, esta região tem a mesma “função” para esse estado. O clima está mudando, pois o eucalipto é uma espécie arbórea que acrescenta pouca umidade ao ambiente. Ela extrai uma grande quantidade de água e a evapotranspiração é muito maior do que a da vegetação original. O cúmulo do cinismo é que essas imensas plantações são frequentemente chamadas de “reflorestamento”. Os proprietários recebem dinheiro da compensação de CO2 do Hemisfério Norte, graças ao Protocolo de Kyoto.
A Chapada Grande está, em grande parte, localizada no município de Regeneração: regenerar, recuperar o ciclo da vida. A verde árvore do eucalipto faz exatamente o oposto do que esse município deveria defender. Os fragmentos da explosão fazem vítimas em todo Piauí. Será que o consumidor europeu de lenços de papel sabe disso?
Cerca de 200 famílias foram expulsas. Outras pessoas da região estão partindo. Desanimadas. Porque seus animais criados soltos são abatidos à bala quando se atrevem a chegar perto do reflorestamento. Uma tradição de séculos lhes foi roubada. Porcos, cabras, ovelhas, burros, vacas, galinhas não podem mais ser criados soltos. Quanto à prometida criação de emprego e sua prosperidade, elas não se concretizaram. Os poucos postos de trabalho que são criados são ocupados por pessoas que vêm de fora, raramente por alguém da região.
As pessoas partem para a cidade. Desarraigadas. Os jovens não encontram trabalho e entram na marginalidade, muitas vezes na criminalidade. As drogas fazem com que muitos deles esqueçam, por alguns momentos, a realidade desesperadora.
Em outras regiões do Piauí, o “evangelho verde-claro” também foi imposto. Para surpresa de todos, os senhores do eucalipto partem inesperadamente. Eles abandonam seus reflorestamentos, sem dar qualquer satisfação para a população, apesar de todas as promessas. O evangelho era falso e vazio? No entanto, o governo fez de tudo para facilitar a vida deles. Políticos acolhem esses projetos. Eles aumentam a produção e a exportação do estado. E isso é uma boa nova, certo?!
Euh, Europa
Na Bahia me contaram que, até agora, os reflorestamentos de eucalipto passaram por três fases. Na década de 1970, o objetivo principal era obter benefício fiscal com eles. Mesmo sem o plantio, mas apenas com a intenção de “pregar o evangelho”, as grandes empresas conseguiam deixar de pagar impostos. A segunda onda veio com os elevados preços de energia elétrica, no início da década de 1980: eucalipto para fazer carvão. Quando o preço do petróleo baixou, deixou de ser interessante. A nova onda que estamos vivendo agora se destina, principalmente, ao mercado internacional de celulose. Ou seja: na maior parte para exportação para a Europa. Enquanto isso, os desertos verdes são, muitas vezes, anunciados como reflorestamentos, podendo receber dinheiro para a compensação de CO2 do Hemisfério Norte.
A quarta onda poderia ser o mercado de etanol. Há vários anos, sonha-se acordado com a produção de etanol com base em eucalipto geneticamente modificado. Isso será um verdadeiro “evangelho de gasolina verde”!
Oh, Francisco
Somos hóspedes de uma fundação que tem Francisco de Assis em alta conta. O inspirador é, claramente, padre João de Deus. Eles trabalham com vários projetos, de capacitação e outros (2), inclusive cinco “Escolas Família Agrícola”. Nós visitamos duas delas. A Caatinga é uma realidade diferente do “cerradão” no entorno de Teresina. Talvez isso explique por que foram feitas outras escolhas. Ou será que é devido à figura de Francisco de Assis? (3) De qualquer modo, aqui tudo já é agroecológico e isso com os limitados recursos de que dispõem. Nenhum veneno! Junto com o povo, o centro quer buscar uma forma inteligente de lidar com as condições naturais do Semiárido. A intenção é não permanecer na subsistência, mas dar apoio à sabedoria popular transmitida acrescentando tecnologia adequada e novos conhecimentos. Até a prefeitura daqui parece adotar a agroecologia. Em vez de pulverizar as ruas com Roundup, é reunido um pequeno exército para cortar o mato.
Oh, pé-duro
Chegamos à segunda escola, próxima de um quilombo. A maioria dos alunos, portanto, são afrodescendentes. O que chama atenção de imediato é uma árvore enorme: um tamarindo. Uma menina está limpando os frutos colhidos da árvore para utilizá-los no jantar. Professores e alunos me mostram orgulhosamente a propriedade. Há um projeto de avicultura. Todo mês eles compram 25 pintos. Parte das aves adultas é abatida para a cozinha da escola e parte é vendida para as diversas comunidades da região. Também criam alguns porcos. De que raça? É o “pé-duro”, o porco preto, que pode ser criado solto no Piauí. Eles escolheram conscientemente o porco do povo dessa região, não a raça branca de suínos imposta pelo consumidor. Não, eles acham que os porcos que produzem são bem mais saborosos. Além disso, são parte da cultura local.
Como na outra escola que visitamos esta manhã, eles fazem o seu próprio adubo orgânico. A horta está muito bem. Ela fornece alimento para os alunos e é, ao mesmo tempo, sua aula prática diária.
Ah, água!
Um poço foi perfurado para irrigação por gotejamento. O paradoxo é que o Piauí tem muitas secas, mas o subsolo abriga uma das maiores reservas de água doce do mundo. Desde o século XVII, falta vontade política para realmente fazer algo sobre o problema da seca. Por exemplo, perfurar poços em vez de, com a regularidade de um relógio, enviar caminhões-pipa e manter as pessoas dependentes. Com um poço, as pessoas podem dar continuidade à vida de modo autônomo e esquecer o político. Enviar caminhões-pipa para o povo, ao longo do ano, vale a pena. Isso aparece na TV, você é visto como um político que “faz o bem” e mantém seu curral eleitoral na linha.
Sinto-me revigorado. O “evangelho” desses jovens e seus professores abre um novo futuro.
Oeiras, 9 de abril de 2013.
(1) Neste momento, não vou me estender sobre os muitos problemas ambientais e sociais dos reflorestamentos de eucalipto e pínus. Veja as crônicas anteriores: Canadá e eucalipto, em Brasil: espelho da Europa? (Holanda: Dabar, 2000); Você alguma vez alimentou seu filho com papel?, em: Aurora no campo: soja diferente (Curitiba: Gráfica Popular/Cefuria, 2008); A festa arruinada do Cerrado, em: Legal! Otimismo – Realidade – Esperança. Veja o filme: Sustentável no papel (Direção: Leo Broers e An-Katrien Decluyse, 2010). http://www.youtube.com/watch?v=r-gH40WLL2Y
(2) Funded ocupa-se principalmente das escolas, mas também com a Fazenda Esperança, onde, desde 2012, viciados em drogas podem começar sua desintoxicação). Veja também: cefaspi.blogspot.com.br (centro de capacitação para as diversas comunidades, com a função de servir de modelo para produção ecológica no clima típico da Caatinga).
(3) Por aqui, Francisco é muito reverenciado. Você vê muitas imagens de “Il Poverello” [O Pobre Homem]e há um importante lugar de peregrinação na região, onde muitas pessoas se reúnem em seu nome. O novo Papa Francisco é, portanto, muito bem-vindo aqui, mesmo porque o homem defende a simplicidade. Suas declarações sobre a natureza e o meio ambiente, bem como a opção pelos pobres, são acompanhadas com atenção. Além disso, o Padre Cícero é muito reverenciado aqui, na Caatinga. Ele foi um padre inspirador do Ceará. Ele era solidário com o povo e os apoiava na sua busca de lidar de forma inteligente com as secas do sertão. Ele faleceu na década de 1930 do século XX, mas, até hoje, seu túmulo é um lugar de peregrinação para centenas de milhares de nordestinos. Uma terceira figura, embora bastante invisível, é José Comblin, de Bruxelas. Ele defendia a “Teologia da Enxada”. Enquanto intelectual, ele mergulhou por décadas na dura vida rural do nordestino. E, precisamente, a “união da enxada e da caneta” se tornou o logotipo das Escolas Família Agrícola. O intelectual que realizou cursos de capacitação em toda a América Latina e em Louvain-la-Neuve (e, às vezes, conferências na Collegium Pro America Latina Leuven – Copal) era, ele próprio, um grande devoto de Padre Cícero.
“Euh”[1], eucalipto
A viagem nos leva por um planalto e... vejam: pela primeira vez, uma lavoura de soja cruza o meu caminho no Piauí. Nós percorremos um trecho especialmente longo por uma monocultura de eucalipto, na Chapada Grande. As áreas planas no planalto são muito cobiçadas pelos “sulistas” (descendentes de imigrantes europeus da Região Sul do Brasil). Eles querem, finalmente, levar para o Piauí o desenvolvimento que o estado merece: soja e eucalipto.
De repente, cai a ficha: eles trazem o “Evangelho do Eucalipto”. A palavra evangelho vem do grego eu-angèlion: a boa nova. Na palavra eucalipto também há a sílaba “eu”. Não sei se vem do “eu” grego, mas veio bem a calhar. Os fazendeiros e as empresas trazem a “boa nova”: finalmente vocês vão encontrar trabalho e chegar ao desenvolvimento que os levará ao promissor século XXI.
Euh, desemprego
Porém, a realidade é um pouco diferente da “boa nova” dos sulistas. Nos imensos reflorestamentos uniformes, nem cobra aguenta ficar por lá (1). A vegetação original diversificada foi convertida em carvão e é transportada para os altos-fornos de Belo Horizonte (Minas Gerais) e São Luís (Maranhão). É incompreensível quando se sabe que o Cerrado, neste planalto, é vital para o Piauí. Se considerarmos a Amazônia como o pulmão do planeta Terra, esta região tem a mesma “função” para esse estado. O clima está mudando, pois o eucalipto é uma espécie arbórea que acrescenta pouca umidade ao ambiente. Ela extrai uma grande quantidade de água e a evapotranspiração é muito maior do que a da vegetação original. O cúmulo do cinismo é que essas imensas plantações são frequentemente chamadas de “reflorestamento”. Os proprietários recebem dinheiro da compensação de CO2 do Hemisfério Norte, graças ao Protocolo de Kyoto.
A Chapada Grande está, em grande parte, localizada no município de Regeneração: regenerar, recuperar o ciclo da vida. A verde árvore do eucalipto faz exatamente o oposto do que esse município deveria defender. Os fragmentos da explosão fazem vítimas em todo Piauí. Será que o consumidor europeu de lenços de papel sabe disso?
Cerca de 200 famílias foram expulsas. Outras pessoas da região estão partindo. Desanimadas. Porque seus animais criados soltos são abatidos à bala quando se atrevem a chegar perto do reflorestamento. Uma tradição de séculos lhes foi roubada. Porcos, cabras, ovelhas, burros, vacas, galinhas não podem mais ser criados soltos. Quanto à prometida criação de emprego e sua prosperidade, elas não se concretizaram. Os poucos postos de trabalho que são criados são ocupados por pessoas que vêm de fora, raramente por alguém da região.
As pessoas partem para a cidade. Desarraigadas. Os jovens não encontram trabalho e entram na marginalidade, muitas vezes na criminalidade. As drogas fazem com que muitos deles esqueçam, por alguns momentos, a realidade desesperadora.
Em outras regiões do Piauí, o “evangelho verde-claro” também foi imposto. Para surpresa de todos, os senhores do eucalipto partem inesperadamente. Eles abandonam seus reflorestamentos, sem dar qualquer satisfação para a população, apesar de todas as promessas. O evangelho era falso e vazio? No entanto, o governo fez de tudo para facilitar a vida deles. Políticos acolhem esses projetos. Eles aumentam a produção e a exportação do estado. E isso é uma boa nova, certo?!
Euh, Europa
Na Bahia me contaram que, até agora, os reflorestamentos de eucalipto passaram por três fases. Na década de 1970, o objetivo principal era obter benefício fiscal com eles. Mesmo sem o plantio, mas apenas com a intenção de “pregar o evangelho”, as grandes empresas conseguiam deixar de pagar impostos. A segunda onda veio com os elevados preços de energia elétrica, no início da década de 1980: eucalipto para fazer carvão. Quando o preço do petróleo baixou, deixou de ser interessante. A nova onda que estamos vivendo agora se destina, principalmente, ao mercado internacional de celulose. Ou seja: na maior parte para exportação para a Europa. Enquanto isso, os desertos verdes são, muitas vezes, anunciados como reflorestamentos, podendo receber dinheiro para a compensação de CO2 do Hemisfério Norte.
A quarta onda poderia ser o mercado de etanol. Há vários anos, sonha-se acordado com a produção de etanol com base em eucalipto geneticamente modificado. Isso será um verdadeiro “evangelho de gasolina verde”!
Oh, Francisco
Somos hóspedes de uma fundação que tem Francisco de Assis em alta conta. O inspirador é, claramente, padre João de Deus. Eles trabalham com vários projetos, de capacitação e outros (2), inclusive cinco “Escolas Família Agrícola”. Nós visitamos duas delas. A Caatinga é uma realidade diferente do “cerradão” no entorno de Teresina. Talvez isso explique por que foram feitas outras escolhas. Ou será que é devido à figura de Francisco de Assis? (3) De qualquer modo, aqui tudo já é agroecológico e isso com os limitados recursos de que dispõem. Nenhum veneno! Junto com o povo, o centro quer buscar uma forma inteligente de lidar com as condições naturais do Semiárido. A intenção é não permanecer na subsistência, mas dar apoio à sabedoria popular transmitida acrescentando tecnologia adequada e novos conhecimentos. Até a prefeitura daqui parece adotar a agroecologia. Em vez de pulverizar as ruas com Roundup, é reunido um pequeno exército para cortar o mato.
Oh, pé-duro
Chegamos à segunda escola, próxima de um quilombo. A maioria dos alunos, portanto, são afrodescendentes. O que chama atenção de imediato é uma árvore enorme: um tamarindo. Uma menina está limpando os frutos colhidos da árvore para utilizá-los no jantar. Professores e alunos me mostram orgulhosamente a propriedade. Há um projeto de avicultura. Todo mês eles compram 25 pintos. Parte das aves adultas é abatida para a cozinha da escola e parte é vendida para as diversas comunidades da região. Também criam alguns porcos. De que raça? É o “pé-duro”, o porco preto, que pode ser criado solto no Piauí. Eles escolheram conscientemente o porco do povo dessa região, não a raça branca de suínos imposta pelo consumidor. Não, eles acham que os porcos que produzem são bem mais saborosos. Além disso, são parte da cultura local.
Como na outra escola que visitamos esta manhã, eles fazem o seu próprio adubo orgânico. A horta está muito bem. Ela fornece alimento para os alunos e é, ao mesmo tempo, sua aula prática diária.
Ah, água!
Um poço foi perfurado para irrigação por gotejamento. O paradoxo é que o Piauí tem muitas secas, mas o subsolo abriga uma das maiores reservas de água doce do mundo. Desde o século XVII, falta vontade política para realmente fazer algo sobre o problema da seca. Por exemplo, perfurar poços em vez de, com a regularidade de um relógio, enviar caminhões-pipa e manter as pessoas dependentes. Com um poço, as pessoas podem dar continuidade à vida de modo autônomo e esquecer o político. Enviar caminhões-pipa para o povo, ao longo do ano, vale a pena. Isso aparece na TV, você é visto como um político que “faz o bem” e mantém seu curral eleitoral na linha.
Sinto-me revigorado. O “evangelho” desses jovens e seus professores abre um novo futuro.
Oeiras, 9 de abril de 2013.
(1) Neste momento, não vou me estender sobre os muitos problemas ambientais e sociais dos reflorestamentos de eucalipto e pínus. Veja as crônicas anteriores: Canadá e eucalipto, em Brasil: espelho da Europa? (Holanda: Dabar, 2000); Você alguma vez alimentou seu filho com papel?, em: Aurora no campo: soja diferente (Curitiba: Gráfica Popular/Cefuria, 2008); A festa arruinada do Cerrado, em: Legal! Otimismo – Realidade – Esperança. Veja o filme: Sustentável no papel (Direção: Leo Broers e An-Katrien Decluyse, 2010). http://www.youtube.com/watch?v=r-gH40WLL2Y
(2) Funded ocupa-se principalmente das escolas, mas também com a Fazenda Esperança, onde, desde 2012, viciados em drogas podem começar sua desintoxicação). Veja também: cefaspi.blogspot.com.br (centro de capacitação para as diversas comunidades, com a função de servir de modelo para produção ecológica no clima típico da Caatinga).
(3) Por aqui, Francisco é muito reverenciado. Você vê muitas imagens de “Il Poverello” [O Pobre Homem]e há um importante lugar de peregrinação na região, onde muitas pessoas se reúnem em seu nome. O novo Papa Francisco é, portanto, muito bem-vindo aqui, mesmo porque o homem defende a simplicidade. Suas declarações sobre a natureza e o meio ambiente, bem como a opção pelos pobres, são acompanhadas com atenção. Além disso, o Padre Cícero é muito reverenciado aqui, na Caatinga. Ele foi um padre inspirador do Ceará. Ele era solidário com o povo e os apoiava na sua busca de lidar de forma inteligente com as secas do sertão. Ele faleceu na década de 1930 do século XX, mas, até hoje, seu túmulo é um lugar de peregrinação para centenas de milhares de nordestinos. Uma terceira figura, embora bastante invisível, é José Comblin, de Bruxelas. Ele defendia a “Teologia da Enxada”. Enquanto intelectual, ele mergulhou por décadas na dura vida rural do nordestino. E, precisamente, a “união da enxada e da caneta” se tornou o logotipo das Escolas Família Agrícola. O intelectual que realizou cursos de capacitação em toda a América Latina e em Louvain-la-Neuve (e, às vezes, conferências na Collegium Pro America Latina Leuven – Copal) era, ele próprio, um grande devoto de Padre Cícero.
[1]
Nota da tradutora: Euh, interjeição que expressa dúvida, hesitação. Jogo de palavras do autor com a primeira sílaba de eucalipto.
motiro.org/textos-para-debates/30-o-evangelho-do-eucalipto.htm
Nota da tradutora: Euh, interjeição que expressa dúvida, hesitação. Jogo de palavras do autor com a primeira sílaba de eucalipto.
motiro.org/textos-para-debates/30-o-evangelho-do-eucalipto.htm