As
carvoarias são ameaças à vida, ao trabalho social, fauna e flora das
comunidades rurais do Baixo Parnaíba Maranhense. O veneno da fumaça adentar
mato a fora expulsando os animais silvestres que dependem diretamente das
florestas e atingindo sobretudo a saúde das pessoas que moram nos povoados.
Soma-se a problemática os vários casos de maltrato aos humildes trabalhadores
rurais assalariados que operam o serviço braçal em atividades parecidas com
trabalho escravo, os peões entram nos fornos de carvão ainda pisando em brasa
sem proteções adequadas no ofício desumano, às vezes sem nenhuma orientação de
técnicos de segurança, eles fazem a seu modo para sobreviver - se sobreviver
por alguns tempos. As baterias de carvão espalhadas pelo Baixo Parnaíba – em
especial no município de Urbano Santos não passam de desacato aos direitos
humanos e da vida, nos Povoados de Urbano Santos: Jacú, Joaninha e Araras elas
foram instaladas em plena chapada aberta, nessas áreas a natureza foi
totalmente destruída pelos correntões que sem dó extraem violentamente as
espécies do cerrado para serem transformadas em carvão vegetal: bacurizeiros,
pequizeiros, candeias, babatimão, faveiras, guabiraba, janaguba, folha larga,
pitomba de leite, mororó e muitos outros tipos raros das chapadas viraram carvão. Depois disso os campos foram
substituídos por mudas de eucaliptos gerando então um outro grande problema
para a biodiversidade e para a vida social das comunidades. As chapadas do
Baixo Parnaíba merecem mais respeito, mais atenção dos órgãos competentes e dos
movimentos sociais que parecem adormecidos; saibam leitores que sem a natureza
não podemos viver, sem o cerrado de pé não existe mais chuvas -, pois estamos
vivendo essa experiência difícil, efeito natural causado pelo impacto ambiental.
Leonardo Boff, teólogo e ecologista, pai da Teologia da Libertação alertou em
seus escritos agora muito pouco tempo atrás sobre as relações climáticas
dizendo que “A natureza limitada não
aguenta um projeto de destruição ilimitado”. Estamos ainda no mês de maio,
em pleno inverno mas as chuvas estão escassas e os rios a cada dia secando e
expirando completamente como é o caso do Rio Boa Hora. Como vai ser daqui a 30
anos, como será a realidade vivida pelos nossos filhos e netos nesse tempo? Será
que nessa época ainda existirá os poucos exemplos de reservas biológicas que
restam, será que nesse tempo as pessoas ainda poderão tomar suco de bacuri? O
capitalismo selvagem só visa lucros e lucros, não está nem aí com o futuro da
humanidade, usufrui do poderio econômico e artes manhas políticas para assim
atingir seus objetivos sem a mínima atenção para quem está sofrendo ou não com
seu legado de destruição e violência. O território do Baixo Parnaíba, em nome
de suas comunidades tradicionais, esperam um outro mundo possível com igualdade
e solidariedade, aguardamos isso com
ansiedade que o sonho não possa ser utópico, ilusão... pois vivemos essa
realidade na pele... no dia- a- dia e afirmamos que infelizmente as coisas a
cada momento que passa vem ficando mais pior do que está. Abaixo o impacto
ambiental e social e a violência no campo do Baixo Parnaíba. Essa causa não é
uma questão só minha, nem sua, ela é de todos nós!
José Antonio Basto
militante
dos direitos humanos
bastosandero65@gmail.com
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