terça-feira, 30 de agosto de 2011

Corte de custos vira prioridade na Suzano

Com a crise nos mercados, empresa avalia que venda de ativos ficará mais difícil


André Magnabosco - O Estado de S.Paulo
A turbulência na econômica mundial fará com que a Suzano Papel e Celulose intensifique a política de controle de custos, disse ontem o presidente da companhia Antonio Maciel Neto. Sem revelar projeções, o executivo falou que 100 executivos do grupo estarão reunidos neste final em São Paulo para tratar o tema.
"Estamos fazendo agora ainda mais do que estávamos fazendo por conta da situação", afirmou. Na lista de cortes estão viagens e o trabalho com consultorias, revelou Maciel. Além do momento de incertezas na economia global, Maciel destacou diversas vezes a preocupação da companhia com a elevação dos custos. "A madeira, os salários, os dissídios. Todas as contas que fizermos em dólar estão muito caras", destacou o executivo, adicionando à lista de preocupações a valorização do real.
O custo caixa de produção de celulose da Suzano, indicador que melhor dimensiona a competitividade operacional das fabricantes do insumo, saltou de R$ 469 por tonelada no primeiro trimestre para R$ 598 por tonelada no segundo trimestre deste ano, uma variação de 27,4%. Em relação ao primeiro trimestre do ano passado (R$ 464 por tonelada), a elevação foi ainda maior, de 29%. "Imaginamos que o resultado (custo caixa) do terceiro trimestre ficará entre o primeiro e o segundo trimestres."
Para tanto, a companhia reduzirá o consumo de madeira de terceiros, tendência prevista anteriormente para o segundo semestre. "Teremos maior disponibilidade de madeira", disse. Somente esse item elevou em R$ 55 o custo caixa do segundo trimestre em relação ao primeiro trimestre deste ano.
O ambiente de negócios da companhia é ainda mais desafiador por causa do impacto do câmbio na receita e da queda dos preços da celulose em julho e agosto. "Os preços do terceiro trimestre serão menores do que o segundo trimestre", ressaltou. Segundo Maciel, a companhia tem acompanhado o mercado na trajetória de preços - a concorrente Fibria confirmou na semana uma redução dos preços praticados no mercado europeu a partir de agosto.
Ativos. Maciel disse também que o agravamento da crise nos países desenvolvidos poderá afetar as vendas de ativos, política anunciada em junho passado. Caso os negócios sejam inviabilizados, a companhia poderá postergar alguns investimentos.
A empresa pretende vender ativos florestais em São Paulo e a participação de 17% na usina hidrelétrica Capim Branco, em Minas Gerais. Além disso, também procura parceiros interessados em assumir aportes em áreas como o porto de onde será exportada a celulose do Maranhão e na área de tratamento de água e efluentes.
O plano de investimentos de R$ 3 bilhões da companhia para este ano, entretanto, permanece inalterado, uma vez que é baseado principalmente na construção da fábrica de celulose no Maranhão em 2013.
Maciel revelou também que a definição do capital da Suzano Energia Renovável deverá ocorrer somente no terceiro trimestre, mas descartou relacionar a demora e a turbulência das bolsas nos últimos dias. "A capitalização (da nova empresa) estava prestes a ser concluída, mas não fechamos ainda. A boa notícia é que temos propostas na mesa", afirmou. A demora teria origem na discordância de valores entre a Suzano e possíveis parceiros.
O executivo, no entanto, destacou que a situação financeira da companhia é tranquila. "Temos um horizonte de liquidez muito robusto. Podemos ficar dois anos sem captar nada", complementou. A preocupação do executivo é manter a relação entre dívida líquida e Ebitda (geração de caixa) abaixo de 3,5 vezes. No segundo trimestre, a alavancagem da Suzano estava em 3 vezes.
Segundo Maciel, a incorporação dos resultados do Conpacel (Consórcio Paulista de Papel e Celulose) deve contribuir para uma melhor condição de endividamento da companhia. "Tivemos no segundo trimestre o primeiro resultado cheio do Conpacel. À medida que o Ebitda da companhia entrar, teremos efeito integral do Conpacel na alavancagem", explicou. Em dezembro, a Suzano, que era dona de 50% do Conpacel, comprou da Fibria os outros 50%, em um negócio de R$ 1,45 bilhão.

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